Título: DÍVIDA EM TÍTULOS CRESCEU R$ 22 BI
Autor: Martha Beck
Fonte: O Globo, 16/12/2005, Economia, p. 41

Juros altos puxam débito em novembro. No ano, volume soma R$149 bi

BRASÍLIA. A dívida do governo federal em títulos públicos cresceu R$22,16 bilhões, ou 2,4%, em apenas um mês. O estoque passou de R$937,34 bilhões em outubro para R$959,5 bilhões em novembro. O aumento foi provocado sobretudo pelos juros que corrigem a dívida e também por novas emissões de títulos, no valor de R$9,9 bilhões. Em 2005, a dívida subiu nada menos que R$149,24 bilhões.

O economista e ex-secretário de Finanças da Prefeitura de São Paulo Amir Khair lembra que a Taxa Selic - que corrige diretamente mais de 50% da dívida - ficou em torno de 19% ao longo do ano, o que representa um impacto de mais de R$170 bilhões no estoque. Isso só não ocorreu integralmente porque, em contrapartida, o governo fez resgate líquido de papéis e porque a parcela indexada ao câmbio caiu ao longo do ano.

Para cada ponto percentual de aumento na Selic, há uma elevação de cerca de R$9 bilhões no estoque. Portanto, se o Banco Central tivesse sido mais flexível na política monetária e mantido as taxas nos 18% ao ano que foram definidos na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) de dezembro, por exemplo, o impacto dos juros sobre a dívida poderia ter sido menor: R$161 bilhões.

Para coordenador, dívida está dentro das metas

O coordenador da dívida pública, Paulo Valle, disse, no entanto, que a administração da dívida foi positiva este ano. Ele lembrou que o Plano Anual de Financiamento (PAF) de 2005 previa que a dívida fecharia o ano entre R$940 bilhões e R$1 trilhão.

- Este ano, nós devemos conseguir cumprir quase todas as metas - disse ele.

Em novembro, a participação dos títulos prefixados na dívida ficou em 26,9%, contra 24,5% de outubro. Esse aumento foi resultado de uma emissão líquida de R$24,6 bilhões desses papéis no período. Pelo PAF, os prefixados devem encerrar 2005 num intervalo entre 20% e 30% do estoque.

Já os papéis corrigidos pela Selic tiveram sua participação na dívida reduzida de 55,7%, em outubro, para 53,2%, em novembro. O principal motivo desse resultado foi um resgate líquido de R$18 bilhões.

Os títulos cambiais também continuam tendo sua participação reduzida no estoque. Ela passou de 3,8% em outubro para 3,3% no mês passado. Isso porque houve resgate de títulos e uma apreciação do real em relação ao dólar, o que reduziu a exposição cambial em R$4 bilhões em novembro.

A parcela da dívida com vencimento de curto prazo (em até 12 meses) subiu de 41,7% para 42,6% entre outubro e novembro. Pelo PAF, essa parcela deve terminar o ano entre 40% e 45% do estoque.