Título: FURLAN VÊ AVANÇO EM ACORDO TÊXTIL COM CHINA
Autor: Eliane Oliveira
Fonte: O Globo, 17/12/2005, Economia, p. 43

Pequim concordaria em restringir exportações para o Brasil por um período de três anos

BRASÍLIA e PEQUIM. O ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, disse ontem em Hong Kong, que houve avanços para firmar um acordo entre Brasil e China no setor têxtil. Depois de se encontrar com o ministro de Comércio chinês, Bo Xilai, Furlan revelou ter encontrado receptividade em relação a um acordo de restrição de exportações chinesas para o Brasil, que duraria três anos. Mas o ministro enfatizou que uma decisão a respeito só deverá sair no mês que vem, em uma nova rodada de negociações, em Pequim.

As conversas entre Brasil e China começaram há cerca de três meses e foram motivadas por uma forte pressão dos exportadores brasileiros, especialmente das áreas de calçados, têxteis e eletroeletrônicos. Furlan foi a Pequim em setembro, mas voltou de mãos vazias em relação a um acordo para limitar as exportações de produtos daquele país.

Uma semana depois, foram publicados no Diário Oficial dois decretos permitindo que o governo brasileiro adotasse salvaguardas às importações chinesas. Foi a senha para 15 setores entrarem com petição junto ao Departamento de Defesa Comercial. Os pedidos estão sendo analisados e, para que o país aplique cotas ou sobretaxas, é preciso que as indústrias comprovem os prejuízos com as importações da China.

China acena com isenção de impostos para países pobres

A aplicação de salvaguardas segue as regras internacionais de comércio e se tornou possível após o governo brasileiro reconhecer o status da China como economia de mercado e sua entrada na Organização Mundial do Comércio (OMC). Mas o Brasil já mostrou preferir uma solução negociada e, por isso, pretende redigir, com a China, um acordo pelo qual os chineses aceitariam restringir, voluntariamente, dois terços de suas exportações de têxteis e vestuário para o mercado brasileiro até 2008.

Além disso, a China dará isenção de tarifas às importações de 30 dos países mais pobres do mundo, informou ontem a agência Xinhua. (Eliane Oliveira, com agências internacionais)