Título: PAÍSES EM DESENVOLVIMENTO SE UNEM NA OMC
Autor: Eliane Oliveira
Fonte: O Globo, 17/12/2005, Economia, p. 43

G-20 consegue apoio das nações mais pobres para acabar com os subsídios até 2010, enfraquecendo UE

BRASÍLIA. Pela primeira vez na história da Organização Mundial do Comércio (OMC) todos os grupos de países em desenvolvimento se reuniram para defender a liberalização agrícola e mecanismos que ajudem as nações menos avançadas, como a ausência de cotas e imposto de importação. O G-20, grupo liderado por Brasil e Índia, teve uma importante vitória ontem em Hong Kong: emplacou, no comunicado final, a data-limite de até 2010 para o fim dos subsídios às exportações. A aliança sobre a data enfraquece a União Européia (UE), principal opositora da proposta.

Participaram do encontro o G-20, o G-33 (países em desenvolvimento que defendem proteção para alguns bens agrícolas sensíveis), o ACP (ex-colônias européias de África, Caribe e Pacífico), os Países de Menor Desenvolvimento Econômico Relativo (PMDRs), o Grupo Africano e as Pequenas Economias. Alguns negociadores brincavam ontem que a tendência é de que seja criado o G-110, correspondente ao total de países presentes à reunião.

¿ Os países em desenvolvimento passarão a ter uma ação coordenada. Para nós, o G-20 foi vitorioso, mesmo porque conquistou a simpatia das ex-colônias européias, antes vinculadas à UE ¿ afirmou o chefe da Divisão de Agricultura do Itamaraty, Flávio Damico.

Ao convocar a reunião, o G-20 também se antecipou aos países desenvolvidos e reforçou a idéia de uma ajuda mais efetiva às economias pouco avançadas. Por isso, fez questão de incluir no comunicado final que todos estão dispostos a importar produtos dos países pobres sem cotas ou tarifas.

Os representantes desses grupos reclamaram do protecionismo dos ricos e exigiram o fim das distorções que inibem suas exportações. Reivindicaram medidas que assegurem seu desenvolvimento socioeconômico sustentável. E defenderam a definição, em Hong Kong, da categoria Produtos Especiais e do mecanismo de salvaguardas para os países menos desenvolvidos.