Título: Candidato do PSDB vai ter que atrair apoio de tucanos
Autor: Adauri Antunes Barbosa
Fonte: O Globo, 18/12/2005, O País, p. 11

Primeira missão do escolhido será conquistar derrotados

SÃO PAULO. Unânimes na defesa da unidade do partido, os principais líderes do PSDB paulista dizem que não sairão desunidos do processo de escolha do candidato a presidente. Seja o favorito José Serra, prefeito de São Paulo, ou o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, o escolhido, antes de enfrentar os adversários na campanha, terá de buscar o apoio dos que foram derrotados.

Tudo estaria na mais santa paz se não fossem os resultados de pesquisas do Ibope e do Datafolha divulgados semana passada. Serra, até então favoritíssimo, foi ofuscado pelo crescimento de Alckmin. De acordo com o Datafolha, o prefeito venceria o presidente Lula no primeiro turno por 36% a 29% dos votos e no segundo turno por 50% a 36%. Já o governador perderia para Lula no primeiro turno por 30% a 22% dos votos, mas empataria tecnicamente no segundo turno em 41% (para o presidente) a 40% (para o governador).

¿ Não há a menor possibilidade de haver divisão no partido, essa coisa de um romper com o outro. Isso porque não existe qualquer animosidade entre Serra e Alckmin ¿ diz o secretário de Governo de Serra, Aloysio Nunes Ferreira.

¿Quem está dividido é o PT¿, diz tucano

Homem forte na prefeitura paulistana e um dos pré-candidatos tucanos ao governo de São Paulo, Aloysio bate no PT.

¿ Quem está dividido é o PT. Uns querem fazer autocrítica, outros querem abafar os escândalos; uns apóiam Palocci e outros querem mudar a política econômica; e o vice-presidente mete o pau no presidente. Parece a casa da mãe Joana ¿ alfineta o secretário.

Do lado do governador, a intenção de que não haja disputa sangrenta também é explícita. O deputado Edson Aparecido, líder do governo Alckmin na Assembléia paulista, diz acreditar na condução interna do processo de indicação do candidato, o que será feito pelo presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), e pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

¿ Não vamos brigar. No momento adequado vai amadurecer quem tem mais chance eleitoral. Cada edição das pesquisas cria a moldura e o sentimento da candidatura que a vontade popular quer. Vamos deixar as brigas e as confusões para o PT ¿ diz Edson Aparecido.