Título: GREVE NAS UNIVERSIDADES ACABA SEM ACABAR
Autor:
Fonte: O Globo, 20/12/2005, O País, p. 11

MEC diz que professores encerraram movimento, mas na prática aulas só serão retomadas em janeiro

BRASÍLIA. O Ministério da Educação (MEC) anunciou ontem que todas as universidades federais aceitaram o indicativo de volta ao trabalho feito pelo comando de greve, à exceção da Federal de Sergipe. Isso não representa, porém, o fim imediato da maior paralisação já registrada dos professores universitários, que cruzaram os braços por 112 dias. Como os dois próximos fins de semana são Natal e réveillon, as aulas só deverão ser retomadas em janeiro.

O término da greve também não pôs fim ao embate entre o MEC e o Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes). O sindicato desmentiu ontem uma nota oficial do ministério, que afirmava que a proposta do governo fora aceita por todos os professores universitários.

- Isso é a forma como o governo vai tentar vender a greve. Nós decidimos acabar com a paralisação, mas não concordamos com a proposta e vamos continuar a discuti-la - disse a presidente do Andes, Marina Barbosa Pinto.

Para tentar encerrar a greve, o governo ofereceu reajuste médio de 9,45% no salário-base a partir de janeiro de 2006, com acréscimo na gratificação por titulação; redução de 35% para 18% da diferença do valor da Gratificação de Estímulo à Docência (GED) pago a ativos e aposentados a partir de julho de 2006; e a criação da classe de professor associado a partir de maio de 2006, com reajuste de 5% no salário-base dos professores titulares.

Os professores reivindicavam reajuste linear de 18% no salário-base; pagamento da GED no mesmo valor a ativos e aposentados; e a entrada imediata em vigor da classe de professor associado, novo degrau na carreira acadêmica entre o atual professor adjunto 4 e o professor titular, topo da carreira.

Marina não desmentiu, mas também não confirmou que as todas as universidades tenham retomado suas atividades:

- Não temos informações de instituições que não tenham atendido ao indicativo de volta ao trabalho, mas isto é uma decisão de cada universidade.

Universidades terão que refazer calendário

Segundo o Andes, não há indicativo para que as universidades enforquem o semestre, prejudicado pela paralisação, mas sim que refaçam seus calendários. A decisão caberá aos conselhos superiores de cada instituição. Mas, segundo o Andes, a tendência é que as as aulas só sejam retomadas no início de janeiro.

O MEC informou, por exemplo, que os professores da Universidade de Brasília (UnB) estão decidindo o novo calendário letivo, que deve estar pronto hoje. A reitoria vai propor que as aulas sejam reiniciadas em 3 de janeiro, para que o segundo semestre de 2005 seja encerrado até o fim de março.