Título: SALDO EXTERNO DO PAÍS EM NOVEMBRO FOI O MELHOR PARA O MÊS DESDE 1947
Autor: Patricia Duarte
Fonte: O Globo, 20/12/2005, Economia, p. 23

No ano, soma US$13,7 bi. Já investimentos estrangeiros diretos caem

BRASÍLIA. O forte desempenho da balança comercial levou o Brasil a registrar superávit de US$1,737 bilhão nas transações correntes no mês passado, o melhor resultado para meses de novembro desde o início da série histórica, em 1947, informou ontem o Banco Central (BC). No acumulado do ano, o saldo estava em US$13,711 bilhões - também recorde - e já acima da expectativa do BC para o ano todo, de US$13,6 bilhões.

As estimativas, explicou o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, serão revisadas até o fim do ano. Mas ele adiantou que os cálculos do saldo para dezembro indicam superávit de US$1,7 bilhão, o que levaria o ano a fechar em US$15,4 bilhões.

A balança comercial, entre janeiro e novembro, ficou em US$40,44 bilhões, pouco mais de US$10 bilhões acima de igual intervalo de 2004. Esse número ajudou a compensar, e em muito, as remessas de lucros e dividendos feitas no período, de US$10,439 bilhões - crescimento de 62,3% sobre 2004 - e o pagamento de juros, que somaram US$12,484 bilhões até o mês passado. Ao todo, a conta de serviços e renda apresentou déficit de US$29,943 bilhões.

Gasto do turista brasileiro no exterior: US$821 milhões

Os gastos de turistas brasileiros com viagens internacionais, que também entram na conta das transações correntes, somaram US$91 milhões em novembro. O acumulado do ano chega a US$821 milhões e o BC, pelo menos por enquanto, mantém a expectativa de fechar 2005 com gastos de US$1,2 bilhão. Segundo Lopes, os gastos com viagens em dezembro, até ontem, já estavam em US$24 milhões, com o brasileiro aproveitando o dólar mais barato, hoje no patamar acima de R$2,30.

- Do ponto de vista externo, não tenho dúvida de que (as contas externas) são as melhores da História. São indicadores de sustentabilidade externa, e não mais de vulnerabilidade externa - afirmou Lopes.

Pelo lado financeiro do balanço de pagamentos, no entanto, os investimentos estrangeiros diretos devem ficar aquém do esperado antes para o ano, de US$16 bilhões. Em novembro, eles somaram US$1,175 bilhão, acumulando no ano US$13,787 bilhões e, segundo Lopes, entre os dias 1º e hoje somavam US$600 milhões, reforçando a expectativa de fechar o mês com US$1,2 bilhão.

Dívida externa é a menor desde dezembro de 1996

A dívida externa brasileira, com dados fechados em setembro, estava em US$183,152 bilhões (24,7% em relação ao PIB), a menor desde dezembro de 1996, quando era de US$179,9 bilhões. Em relação a junho, o recuo da dívida foi de US$8,158 bilhões, com a amortização de parte de alguns títulos e pagamento adiantado feito ao Fundo Monetário Internacional (FMI) em julho, de US$5 bilhões. Levando em consideração o mesmo movimento feito em novembro, com antecipação de US$15,5 bilhões ao FMI, Lopes acredita que a dívida deverá "ir para trás" do patamar de 1996.

A economista-chefe da BES Corretora, Sandra Utsumi, calcula que, levando em consideração esse último adiantamento, as amortizações da dívida pública e privada somarão US$48,1 bilhões este ano. Para 2006, no entanto, ela calcula que a cifra recuará muito, para algo próximo a US$18 bilhões, na expectativa de que boa parte da dívida será rolada.

- A situação é bastante confortável - afirmou Sandra.

As reservas brutas internacionais do país estavam em US$64,277 bilhões no acumulado de janeiro a novembro, também não contabilizado o pagamento ao FMI. No conceito de reservas líquidas (retirando compromissos com o organismo internacional), o valor era de US$50,823 bilhões.

Inclui quadro: "Relações do Brasil com o exterior" [TRANSAÇÕES CORRENTES / INVESTIMENTOS ESTRANGEIROS DIRETOS NO PAÍS]