Título: GOVERNO BRASILEIRO MOSTRA TRANQÜILIDADE
Autor: Ramona Ordoñez/Janaína Figueiredo
Fonte: O Globo, 20/12/2005, O Mundo, p. 29

EUA esperam 'respeito a instituições'

BRASÍLIA. A firme defesa do presidente eleito da Bolívia, Evo Morales, do controle estatal do setor de gás natural não preocupa o governo brasileiro, já informado de que qualquer decisão terá de ser negociada com a Petrobras. A posição do Palácio do Planalto é de que primeiramente Morales precisa montar sua equipe para depois conversar sobre o que acontecerá com a empresa brasileira.

- Não invadimos a Bolívia. Foi o governo boliviano que pediu para a Petrobras comprar as refinarias na década de 90 - disse uma fonte próxima ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O embaixador do Brasil em La Paz, Antonino Mena Gonçalves, lembrou que não é a primeira vez que a Bolívia se refere à retomada do controle da produção de gás. A hipótese de uma ruptura deve ser descartada, disse ele.

- Brasil e Bolívia têm uma dependência mútua na área de gás. Precisamos do gás boliviano e eles precisam dos rendimentos resultantes das exportações do produto para o Brasil. Ou seja, ninguém vai chutar o pau da barraca - afirmou Mena Gonçalves.

Outro ponto citado pelo embaixador é a margem de lucro da Petrobras com as refinarias, segundo ele baixíssima. Tal avaliação é confirmada por outra fonte da área de comércio exterior:

- Pode até ser um bom negócio para a Petrobras, se a empresa tiver que se desfazer das refinarias.

Mena Gonçalves lembrou que o próprio Morales, antes de ser eleito, tranqüilizou Lula ao se reunir com ele no Palácio do Planalto.

- Evo Morales disse que o presidente Lula é seu irmão maior e a Petrobras a irmã maior da IPFB (estatal boliviana) - disse o embaixador.

Em Washington, a porta-voz para assuntos latino-americano do Departamento de Estado, Jan Edmonson, felicitou a Bolívia pelas eleições pacíficas e democráticas. Segundo ela, a qualidade das relações entre os dois países dependerá da política de Morales sobre vários temas, "como respeito às instituições democráticas".

- Os EUA têm tido boas relações com a Bolívia e estamos preparados para trabalhar para construir a mesma relação com o próximo governo boliviano - disse.