Título: AFROREGGAE FARÁ PROJETO COM A POLÍCIA MILITAR
Autor: Célia Costa
Fonte: O Globo, 21/12/2005, Rio, p. 14

Programa estreou em Minas Gerais e incluiu oficinas de percussão, grafite, basquete e dança de rua nos batalhões

O secretário de Segurança Pública, Marcelo Itagiba, anunciou ontem uma parceria com o Grupo Cultural AfroReggae para a realização do projeto Juventude e Polícia. O anúncio foi feito após a exibição, no quartel-general da corporação, do documentário "Polícia mineira", dirigido por Estevão Ciavatta. O título é uma alusão ao projeto, pioneiro no Brasil, que levou integrantes do AfroReggae - todos moradores de Vigário Geral - para dentro de dois batalhões da Polícia Militar de Minas Gerais. Os PMs mineiros participaram de oficinas de percussão, grafite, dança de rua, basquete e televisão. O documentário termina com uma apresentação dos alunos de percussão no programa "Domingão do Faustão", da Rede Globo, em maio deste ano.

O documentário mostra também moradores de Vigário Geral assistindo, em casa, à apresentação dos policiais mineiros. O coordenador do AfroReggae, José Júnior, disse que a idéia do projeto surgiu logo depois que o músico Paulo Negueba foi baleado por policiais militares quando chegava em casa, em Vigário Geral.

Com o objetivo de estreitar as relações entra a polícia e os jovens das comunidades pobre, o projeto Juventude e Polícia seria iniciado nos batalhões do Rio de Janeiro. Mas não houve interesse por parte do estado na época. Ontem, depois da exibição e do anúncio da parceria, Marcelo Itagiba declarou que "intermediários" atrapalharam as negociações.

- Talvez tenha sido melhor não ter começado pelo Rio. Agora, não temos mais intermediários - disse o secretário de Segurança.

O documentário foi exibido no auditório do QG da PM. Na platéia, havia comandantes de batalhões e delegados, incluindo o chefe de Polícia Civil, Álvaro Lins. Ao fim de todos os discursos, o coordenador do AfroReggae surpreendeu todos. José Júnior pediu uma reunião com o comandante do Batalhão de Operações Especiais (Bope), tenente-coronel Fernando Príncipe.

- Gostaríamos de um diálogo com o Bope, o grupo mais temido pelas comunidades - argumentou José Júnior.

O projeto Juventude e Polícia é coordenado pelo AfroReggae e pelo Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (Cesc), em parceria com a Polícia Militar de Minas.

Legenda da foto: JOSÉ JÚNIOR (à esquerda), Marcelo Itagiba e Álvaro Lins, que receberam camisetas do grupo AfroReggae