Título: RISCO-BRASIL RECUA PARA UM NÍVEL HISTÓRICO E DÓLAR TEM QUEDA DE 1,6%
Autor: Paula Dias
Fonte: O Globo, 22/12/2005, Economia, p. 37

Expansão dos EUA é revisada para 4,1% mas ainda é a maior desde 2004

SÃO PAULO e WASHINGTON. A alta no mercado internacional contagiou os negócios ontem no Brasil. O risco-Brasil, indicador da confiança dos investidores estrangeiros, recuou 12 pontos e marcou um novo piso histórico, de 302 pontos centesimais. A presença mais discreta do Banco Central (BC) nas compras da moeda americana no mercado fez o dólar cair 1,66%, para R$2,307.

A queda do risco-país foi conseqüência da valorização dos títulos da dívida brasileira. O principal deles é o Global 40, que subiu 0,69%, cotado a 128,25% do seu valor de face, um recorde histórico.

A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) fechou em alta de 1,36%, aos 33.517 pontos. Os negócios somaram R$3,076 bilhões, incluídos os R$700 milhões do leilão do Banco do Estado do Ceará (BEC). Especulações em torno da ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que será divulgada hoje, também contribuíram para a alta das ações.

- O investidor quer encontrar na ata alguma pista que indique um corte maior nos juros a partir de janeiro - disse Gustavo Alcântara, gestor da administradora de recursos Mercatto.

Juros futuros caem à espera da ata do Copom

As projeções dos juros fecharam em baixa na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), à espera da ata do Copom. O Depósito Interfinanceiro (DI) de outubro de 2006 recuou de 16,58% para 16,54%. A taxa de janeiro de 2007 caiu de 16,42% para 16,35% ao ano. A taxa básica de juros (Selic) está em 18% ao ano.

As bolsas internacionais foram puxadas por papéis de energia e defesa, além da alta de lucros corporativos. O FTSE, de Londres, subiu 0,71%; o DAX, de Frankfurt, 0,76%; e o CAC, de Paris, 1,04%. Em Nova York, o Dow Jones avançou 0,26% e o Nasdaq, 0,42%.

Contribuiu para o otimismo a expansão da economia americana, que, mesmo abaixo da projeção inicial, ainda é a maior desde o primeiro trimestre de 2004. O Produto Interno Bruto (PIB, conjunto das riquezas produzidas no país) dos Estados Unidos cresceu a uma taxa anual revisada de 4,1% no terceiro trimestre, frente a uma leitura preliminar de 4,3% e ao avanço 3,3% de abril a junho.

Os gastos dos consumidores - que respondem por dois terços da economia - cresceram 4,1% no período, contra 3,4% no segundo trimestre. Mas os analistas temem um recuo do consumo no trimestre atual.

(*) Com agências internacionais