Título: OPOSIÇÃO PRESSIONA LULA POR VERBAS PARA O PAN
Autor: Luiz Ernesto Magalhães
Fonte: O Globo, 23/12/2005, Rio, p. 31

Líder do PFL condiciona aprovação do Orçamento à liberação de empréstimo de R$280 milhões à prefeitura

O líder do PFL na Câmara de Deputados, Rodrigo Maia, disse ontem que a liberação de um empréstimo pelo BNDES de R$280 milhões à prefeitura do Rio será uma das précondições para que a oposição aprove Orçamento da União de 2006 ainda durante a convocação extraordinária do Congresso. Os recursos seriam usados em projetos para os Jogos Pan-Americanos de 2007.

- O Pan tem que ser uma prioridade do Brasil e para o presidente Lula. Se o empréstimo não sair, o Orçamento não será votado em menos de dois meses. Iremos pedir destaques em artigos e pedir constantemente verificações de quórum - acrescentou Rodrigo Maia.

Dinheiro seria gasto em obras esportivas e trânsito

Os R$280 milhões seriam investidos em dois projetos. Um deles é o parque olímpico do Autódromo de Jacarepaguá onde a prefeitura planeja construir uma arena olímpica, um parque aquático e o velódromo. E também em projetos de trânsito para melhorar os acessos aos locais dos jogos. O projeto inclui a modernização do controle de trânsito na Barra da Tijuca além da duplicação de trechos das avenidas Ayrton Senna e Embaixador Abelardo Bueno.

Rodrigo listou outras exigências da oposição em relação ao Pan. Uma das reivindicações é que a União garanta parte dos recursos para financiar a implantação da TV Pan, que vai gerar as imagens dos jogos. O custo para implantação da TV Pan, que será alvo de uma licitação internacional pelo Comitê Organizador dos Jogos (CO-Rio) está estimado em R$100 milhões. E também que a União libere verbas de emendas orçamentárias para concluir outros projetos, como as obras do Engenhão.

- O valor dos repasses para um ou outro projeto pode ser negociado. Mas queremos que a União se posicione.

O prefeito disse confiar na liberação do empréstimo .

- O ideal é que esses recursos sejam liberados até maio. Caso contrário teremos que estudar alternativas - disse.

Cesar acrescentou que entre possíveis fontes de receitas está a abertura de concorrência para permitir que a iniciativa privada construa um shopping e lojas comerciais em áreas livres do autódromo.

O Complexo Esportivo do Autódromo é a obra mais atrasada para os jogos. A previsão era que começassem em janeiro passado, tocadas pela iniciativa privada, em troca da concessão da área por 100 anos. Mas o Consórcio Rio Sport Plaza, que ganhou a concorrência, não conseguiu financiamento e a prefeitura decidiu assumir as obras. A previsão é que as obras comecem em janeiro.

- O cronograma está apertado. Se alguma liminar paralisar a obra por 2 meses não conseguiremos terminá-la a tempo - disse o prefeito.

Um dos motivos para o consórcio não conseguir recursos foi a crise política provocada pelo Mensalão. O grupo queria financiar parte das obras com verba de publicidade de estatais. As negociações foram interrompidas quando começaram as investigações sobre o uso de contratos de publicidade no esquema montado pelo publicitário Marcos Valério.