Título: ATA DO COPOM INDICA QUE BC NÃO VAI ACELERAR A REDUÇÃO DA TAXA DE JUROS
Autor: Flávia Barbosa/Paula Dias/Vagner Ricardo
Fonte: O Globo, 23/12/2005, Economia, p. 34

Banco alega que queda gradual não sacrifica crescimento, emprego e renda

BRASÍLIA, RIO e SÃO PAULO. Mesmo com o Banco Central (BC) sob bombardeio desde a divulgação da queda de 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre, a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) indica que a instituição não cederá aos apelos para acelerar o corte na taxa básica de juros Selic e ajudar na retomada da atividade econômica. No documento, a diretoria do BC assegura que a economia opera em níveis históricos, com percepção de risco cada vez menor, e mantém o discurso segundo o qual a redução gradual dos juros tem garantido a convergência da inflação às metas de 2005 e 2006, sem sacrifício do crescimento, do emprego e da renda.

"As decisões de política monetária dos últimos meses, além de conter as pressões inflacionárias de curto prazo, estão contribuindo de forma importante para a consolidação de um ambiente macroeconômico cada vez mais favorável em horizontes mais longos", diz a ata, para concluir à frente:

"A flexibilização gradual da política monetária não comprometerá as importantes conquistas obtidas no combate à inflação e na preservação do crescimento econômico com geração de empregos e aumento de renda real."

Apesar do aperto, inflação fechará 2005 acima da meta

Mesmo concordando que a trajetória da inflação é de queda, a ata diz que continuará acompanhando atentamente a evolução do índice, para garantir que "os ganhos obtidos no combate à inflação até o momento sejam permanentes". O BC admite que, mesmo com o aperto de um ano na política monetária, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechará 2005 acima da meta de 5,1%.

Para Silvio Campos Neto, economista-chefe do Banco Schahin, é provável que em janeiro o Copom reduza a taxa Selic em 0,75 ponto percentual. O corte maior estaria ligado ao fato de as reuniões do Copom passarem a ocorrer a cada 45 dias em 2006, e não a cada 30 dias, como até agora.

- A ata deixa claro que a intenção do BC é promover um corte profundo na Selic, mas não se sabe em quanto tempo isso acontecerá - disse.

Ontem, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) fechou praticamente estável (-0,01%), com o Índice Bovespa em 33.512 pontos. O dólar subiu 1,04% e terminou cotado a R$2,329 na compra e R$2,331 na venda. O risco-país subiu dois pontos centesimais, para 304.

COLABOROU Paula Dias, do Globo Online