Título: BOMBA FERE 15 NO CENTRO DE SP
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Fonte: O Globo, 24/12/2005, O País, p. 3

Explosão na principal área de comércio popular da cidade cria pânico na antevéspera do Natal

Pelo menos 15 pessoas ficaram feridas por causa da explosão de uma bomba, ontem, por volta das 16h, na Rua Vinte e Cinco de Março, principal área do comércio popular de São Paulo. Dois feridos estão em estado grave. Num dia como ontem, antevéspera de Natal, a Vinte e Cinco de Março costuma receber até 700 mil pessoas.

A bomba, de fabricação caseira - montada com pólvora, pregos e outros objetos pontiagudos - foi deixada em uma lata de lixo, em frente ao Shopping 25 de março, de propriedade do chinês Law King Chong, preso sob acusação de ser o maior contrabandista do país. O impacto da explosão foi tão forte que destruiu a lixeira e parte de um sinal de trânsito. Quando ocorreu a explosão, houve pânico e correria. Alguns lojistas baixaram as portas, temendo novos ataques.

Mãe e filho entre as vítimas da explosão

A vítima mais grave foi a garçonete Monalisa Fagundes Nascimento, de 21 anos, que sofreu traumatismo craniano e até às 21h era operada no Hospital do Servidor Público Municipal. Luan Richard Coutinho dos Santos, de 2 anos, e sua mãe, Mônica Coutinho dos Santos, de 19, também foram atingidos. O menino sofreu ferimentos por todo o corpo e também está internado no Hospital do Servidor. Mônica, grávida, entrou em trabalho de parto.

As vítimas foram levadas para quatro hospitais diferentes. O projetista Eduardo Medeiros, de 54 anos, afirmou que viu um homem botando uma caixa na lixeira segundos antes da explosão:

- Parecia o Oriente Médio.

- Pensei que fosse morrer, foi uma sensação de horror - completou o ambulante William Dantas de Souza, de 23 anos, atingido nas costas por estilhaços da bomba.

Para o inspetor José Antônio Salim, da Guarda Civil Metropolitana, que realizava fiscalização de rotina no momento da explosão, a bomba foi plantada por ambulantes.

- Tenho certeza de que o alvo eram os policiais, porque os ambulantes ficam revoltados com a apreensão de mercadorias nesta época do ano - disse ele, que estava a cerca de dez metros da lixeira na hora em que a bomba explodiu.

O secretário municipal de Serviços, Andrea Matarazzo, que também é subprefeito da Sé, acredita que o atentado foi praticado por camelôs ligados ao contrabando e à pirataria. Ele anunciou que, hoje, o policiamento na região estará reforçado.

Até o fim da noite de ontem, ninguém havia sido preso. Segundo o delegado da 1ª DP (Sé), Luis Fernando Valim, não há suspeitos. Ele informou que serão investigadas duas hipóteses:

- Não temos descrição de quem pôs a bomba, mas há duas versões: a de que o artefato foi deixado na lixeira e a de que um camelô teria passado com um carrinho com caixas e uma delas teria caído e explodido.

Legenda da foto: UMA DAS vítimas da explosão recebe auxílio na calçada: ataque na principal área de comércio popular de São Paulo