Título: DEFESA DE ANGRA 3
Autor: Mônica Tavares
Fonte: O Globo, 25/12/2005, Economia, p. 23

Silas Rondeau quer construção da usina nuclear

BRASÍLIA. José Dirceu saiu do páreo, mas a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, encontrou no governo novo adversário à sua posição contrária à construção da usina nuclear de Angra 3, no Rio. Em entrevista ao GLOBO, o ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau, disse que é favorável à retomada do projeto. Para ele, o país precisa muito da usina nuclear, tanto para garantir o abastecimento no Sudeste - centro econômico e industrial - quanto para ter maior segurança e independência em relação às licenças ambientais necessárias para construir uma hidrelétrica.

Se não entrar em funcionamento no próximo ano uma usina hidrelétrica grande, como Belo Monte ou Rio Madeira, é a hora de entrar em campo a usina nuclear, defende Silas.

- Do ponto de vista elétrico defendo Angra 3. Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais: este triângulo é o centro de consumo de energia do país. De Angra, você anda 200 quilômetros para chegar no Rio, anda outros 200 quilômetros e chega em São Paulo e talvez um pouquinho mais para chegar no Centro de Belo Horizonte. Se não for Angra 3, precisamos de outra fonte ali - disse o ministro, que estuda a alternativa de construção de uma usina térmica a gás na Região Sudeste.

O ministro disse, como exemplo, que o empreendimento da usina hidrelétrica de Ipueiras, que era a melhor do último leilão de energia por ser a de maior capacidade, teve seu licenciamento negado pelo Ibama. Por isso, ela não poderá ser construída. Para ele, os altos custos de licenciamento ambiental também acabam empurrando a matriz energética do país para as usinas termelétricas. Nesta hipótese, como o país é responsável do ponto de vista ambiental, argumenta, a melhor alternativa é a energia nuclear, pois as térmicas a gás e a óleo são poluentes:

- Defendo que a hidrelétrica é a fonte de energia que o menor impacto (ambiental) traz. Depois dela, não há dúvida, são as usinas térmicas nucleares, porque são de emissão zero.

No dia 20 de janeiro, o ministério deverá lançar o Plano Nacional de 2015, com as propostas de planejamento hidrelétrico e o mapeamento das necessidades do país. O ministro disse que atualmente o sistema energético do país está equilibrado. (Mônica Tavares)