Título: EM MACEIÓ, CEIA DE NATAL À BEIRA-MAR
Autor: Alan Gripp
Fonte: O Globo, 28/12/2005, O País, p. 8
Traficante contratou cozinheira
MACEIÓ. Apesar de estar preso em regime fechado na carceragem da superintendência da Polícia Federal de Alagoas, o traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, teve direito a uma ceia de Natal de fazer inveja à maioria dos brasileiros. No cardápio servido ao traficante por agentes federais havia pernil de seis quilos, um peru de sete quilos, bolos, arroz à grega, farofa, pudins, salgadinhos variados, sorvete e refrigerante.
O próprio Beira-Mar contratou uma cozinheira: Leda dos Santos, dona do bar que fica em frente à superintendência da PF, foi encarregada de comprar e preparar a ceia. Segunda Leda, as despesas ficaram em R$500, incluindo os R$200 por seu trabalho.
- Pedi R$500 porque, além da comida, tinha o material descartável, já que não pode entrar nada de metal na custódia - contou Leda.
Apesar do rígido esquema de vigilância, a cozinheira contou que ela própria levou o jantar no sábado e no domingo:
- Na entrada da custódia o peru e o pernil foram fatiados na frente do policial que estava de plantão. Dividi os pratos e o agente policial levou a comida até as celas.
Segundo a cozinheira, Beira-Mar repartiu a ceia com seis presos: cinco traficantes e um assassino de aluguel conhecido como Pé de Cobra.
O presidente do Sindicato dos Policiais Federais de Alagoas, Jorge Venerando, confirmou as informações:
- Soubemos que Beira-Mar teve privilégios. É um absurdo. Queremos saber quem autorizou.
Venerando já enviou ofícios ao Ministério da Justiça afirmando que a superintendência da Polícia Federal de Alagoas não tem condições técnicas para abrigar Beira-Mar:
- Ele tem que ficar no lugar em que foi condenado. Neste caso, no Rio de Janeiro, ou num presídio de segurança máxima. A superintendência da PF não é presídio e esse fato da ceia de Natal é ainda mais comprometedor para a instituição.
Já o superintendente em exercício da PF de Alagoas, Arivaldo Marques, negou privilégios para os seis presos.
-- Beira-Mar é tratado como preso comum. Não existe nada de especial - disse Marques que, pouco depois, em entrevista à TV Gazeta de Alagoas, admitiu que o bandido recebera um jantar reforçado.
O governador Ronaldo Lessa e o Conselho de Segurança de Alagoas também pediram ao Ministério da Justiça que transfira o traficante. Beira-Mar está em Maceió desde 26 de novembro.