Título: CORRIDA POR VERBAS DE 2005 INVIABILIZA VOTAÇÃO PARA 2006
Autor: Maria Lima e Isabel Braga
Fonte: O Globo, 29/12/2005, O País, p. 3

Parlamentares fazem pressão porque prazo para empenhar emendas acaba amanhã

BRASÍLIA. O desespero causado pelo fim do prazo para o empenho das emendas individuais e de bancada relativas a 2005 levou o plenário da Comissão Mista do Orçamento a se rebelar ontem, inviabilizando as votações do Orçamento de 2006. Também provocou uma romaria a ministérios e ao Palácio do Planalto. O prazo acaba amanhã e a emenda não empenhada perderá o valor. A maior pressão era sobre as emendas do Ministério das Cidades. A busca por emendas levou até parlamentares da oposição ao Planalto.

Até 23 de dezembro, o Ministério das Cidades empenhou R$1,463 bilhão de uma dotação de R$2,725 bilhões. Do dia 24 até ontem, nenhum novo empenho foi registrado pelo Sistema Integrado de Administração Financeira do governo (Siafi), o que deixou os parlamentares desconfiados. O mesmo aconteceu com o Ministério da Integração Nacional. Até o dia 23, R$1,505 bilhão dos R$2,479 bilhões de dotação foram empenhados. Depois o empenho parou.

Parlamentares tentam, mas não encontram ministros

Os parlamentares da comissão pressionaram o governo pela liberação de até R$200 milhões a mais de emendas individuais e de bancada alocadas no Ministério das Cidades. Muitos empenhos foram feitos nos últimos dias e os parlamentares estavam com dificuldades para checar os dados no Siafi. A insatisfação era geral, até nos partidos da base.

¿ Está todo mundo ansioso. Se sair de uns e não sair de outros, se sai para quem não ajuda o governo e quem ajuda não é beneficiado, é claro que haverá reação ¿ disse o líder do PP, Mário Negromonte (BA).

¿ O que não empenhar até amanhã, melou. Os problemas não estão sendo resolvidos. Vai ser difícil votar este Orçamento ¿ completou Ricardo Barros (PP-PR).

O dia foi de romaria na Casa Civil, mas a ministra Dilma Rousseff está de recesso. Líderes e parlamentares, porém, não passavam da assessoria do ministro de Relações Institucionais, Jaques Wagner, que também está de folga. Além de Negromonte passaram por lá o líder do PFL no Senado, José Agripino Maia (RN), e o relator da CPI dos Correios, Osmar Serraglio.