Título: PF: NÃO HÁ INDÍCIO DE CRIME EM INCÊNDIO NO INSS
Autor: Demétrio Weber
Fonte: O Globo, 29/12/2005, O País, p. 9

Prédio foi interditado pela Defesa Civil após vistoria; inquérito foi aberto e laudo técnico ficará pronto em 15 dias

BRASÍLIA. A Polícia Federal abriu ontem inquérito para investigar se foi criminoso o incêndio que destruiu os seis últimos andares da sede do INSS, anteontem, em Brasília. A assessoria da PF informou não haver indício de crime. Até o começo da noite, o instituto não havia divulgado estimativa do prejuízo.

O inquérito da PF será conduzido pelo delegado Valmir Lemos de Oliveira e concluído num prazo de 30 dias. Paralelamente ao trabalho da polícia, peritos do Corpo de Bombeiros também trabalham para identificar a causa do incêndio. O laudo técnico deverá ficar pronto em 15 dias.

O prédio-sede do INSS foi interditado pela Defesa Civil após vistoria. O acesso de pedestres foi proibido também nos jardins que cercam o edifício. A análise preliminar indicou que alguns pilares foram danificados, mas não há risco iminente de desabamento.

A Defesa Civil interditou também um prédio da Junta Comercial do DF, a cerca de dez metros do INSS, para evitar que objetos que se desprendam dos andares incendiados atinjam pedestres. A Junta chegou a funcionar de manhã, mas quem esteve lá dentro disse que o cheiro de fumaça era muito forte.

Servidores do INSS puderam entrar no prédio à tarde para retirar processos e objetos pessoais. A direção do órgão tentava definir ontem o local onde passará a funcionar. Entre as possibilidades estão salas localizadas na Secretaria do Tesouro Nacional, na Dataprev ou no Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (Dnit).

O engenheiro civil especializado em patologias de estruturas Dickran Berberian esteve nos andares destruídos e apresentará orçamento hoje ao INSS para prestar o serviço. Outras empresas disputam o contrato. A primeira providência, segundo o engenheiro, é escorar pilares e testar a resistência do prédio. Só depois será possível dizer se o edifício deve ser demolido ou reformado.

¿ Há alguns pontos críticos onde existe uma pequena possibilidade de desabamento. O sétimo e o oitavo andar foram os mais atingidos. O problema é que se um deles desaba, o prédio cai em cascata, como ocorreu com as torres gêmeas do World Trade Center em Nova York ¿ disse Berberian.

O chefe da segurança do edifício-sede do INSS, Edilson Antônio, disse que bombeiros que combateram o incêndio teriam afirmado que um curto-circuito seria a causa mais provável do fogo.

Cerca de mil pessoas trabalhavam no edifício-sede do INSS, mas menos de 20 estavam lá quando o fogo começou, pouco antes das 7h de terça-feira, segundo o chefe de segurança. Não houve vítimas.

A assessoria de imprensa do Corpo de Bombeiros informou que os vigilantes do prédio tentaram primeiro combater o fogo e só depois pediram ajuda, o que teria adiado em cerca de meia hora a chegada dos bombeiros. Antônio, no entanto, rebateu, afirmando que o chamado foi feito logo após a constatação do incêndio e que, após chegarem, os bombeiros não puderam combater o fogo durante mais de uma hora por falta d'água, uma vez que os hidrantes não tinham pressão suficiente para fazer a água atingir o sétimo andar.

A agência do Banco do Brasil que funciona no térreo do prédio do INSS não foi atingida.