Título: AEB PREVÊ QUE SALDO COMERCIAL CAIRÁ 7,3% E SERÁ DE US$41,8 BI EM 2006
Autor: Mariza Louven e Eliane Oliveira
Fonte: O Globo, 29/12/2005, Economia, p. 22

Apesar do câmbio, meta de exportações de 2005 foi superada terça-feira

RIO e BRASÍLIA. As exportações vão crescer 2,8% em 2006, totalizando US$122,1 bilhões, mas as importações terão uma expansão ainda maior, de 9%, atingindo US$80,3 bilhões no ano. Se estas previsões, feitas pela Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), se confirmarem, o saldo da balança comercial do país ficará em US$41,8 bilhões em 2006, ou seja, terá uma queda de 7,3% em relação a 2005.

Os resultados das exportações em 2005, porém, surpreenderam positivamente: desde a última terça-feira, quatro dias antes de terminar o ano, a meta para 2005, fixada pelo governo em US$117 bilhões, tinha sido superada, com as vendas chegando a US$117,05 bilhões, informou o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.

Em 2005, volume e preço de `commodities¿ foram positivos

O resultado final da balança será divulgado na próxima segunda-feira, em São Paulo. A AEB prevê que o superávit de 2005 será de US$44,1 bilhões. O ministro Luiz Fernando Furlan divulgará a meta oficial de exportações para 2006, que, segundo fontes da área econômica, será inferior à deste ano.

A valorização do real em relação ao dólar foi apontada pelo vice-presidente da AEB, José Augusto de Castro, como a principal causa da expectativa de redução do saldo comercial do país em 2006.

¿ A queda só não será maior devido ao desempenho das vendas de minério de ferro e de açúcar em bruto. A redução das importações de combustíveis e lubrificantes também ajudará a salvar a balança ¿ disse Castro.

Tanto para o governo quanto para o setor privado, as exportações tiveram resultado surpreendente em 2005 porque cresceram a taxas mais elevadas do que as importações mesmo com o câmbio valorizado ¿ que provoca perda de rentabilidade, em reais, aos exportadores. Por outro lado, houve o esforço para aumentar o volume vendido e a alta dos preços de commodities, como o minério de ferro e o café, nos mercados internacionais.

O governo chegou a prever exportações de US$100 bilhões em 2005. Mas a meta foi revista graças ao desempenho de produtos como soja, minério de ferro, celulose, automóveis, telefones celulares, gasolina e outros itens.

Produtos básicos vão sustentar vendas em 2006

Segundo a AEB, os manufaturados são os que mais contribuirão para a desaceleração das exportações, com vendas de US$65,4 bilhões em 2006, menos 0,4% sobre o previsto para 2005. Já os produtos básicos serão os pilares de sustentação das exportações, alcançando US$37,6 bilhões, 8% a mais do que em 2005.

O destaque, entre os básicos, é disparado o minério de ferro, cujas vendas devem atingir US$8,8 bilhões, 21,5% superiores às de 2005, devido principalmente ao aumento de 10% a 15% nas cotações. Já entre os semimanufaturados, o açúcar em bruto ficará no topo, com vendas de US$3,6 bilhões, 48,5% maiores.

As altas dos preços do açúcar em bruto e do refinado ¿ cujas vendas devem atingir US$2,2 bilhões, numa expansão de 45% ¿ estão relacionadas ao aumento da demanda por álcool combustível.

¿ A adição de 3% de álcool à gasolina, em 2006, vai incrementar as vendas do produto ¿ acrescentou Castro.