Título: BNDES NÃO CUMPRE ORÇAMENTO, MAS DESEMBOLSA 17,5% MAIS QUE EM 2004
Autor: Mirelle de França
Fonte: O Globo, 30/12/2005, Economia, p. 20

Montante liberado alcançou R$47 bilhões, puxado pelo setor industrial

O BNDES está encerrando o ano com desembolsos de R$47 bilhões, valor 17,5% maior do que o liberado em 2004. O resultado foi influenciado, principalmente, pelo bom desempenho da indústria, que recebeu R$23,4 bilhões do banco, uma alta de 48%. Apesar do crescimento, o montante total liberado pelo BNDES ficou 21% abaixo da meta inicial, de R$60 bilhões - aprovada no fim do ano passado pela administração de Carlos Lessa - e foi 6% menor do que os R$50 bilhões fixados na atual gestão, de Guido Mantega. O presidente do BNDES, no entanto, afirmou que só tem motivos para comemorar:

- Prefiro que sobre do que falte. A meta de R$60 bilhões era muito ambiciosa, representava um crescimento de cerca de 50%.

Mantega ressaltou que a queda da demanda dos setores agrícola e elétrico, assim como o atraso na conclusão do desenho de grandes projetos que estão tramitando no banco, influenciaram o resultado,menor do que o esperado.

Mantega acredita que país crescerá 5% em 2006

Segundo Mantega, porém, 2006 será melhor do que 2005, devido aos bons fundamentos da economia - como a tendência de queda das taxas de juros e a redução da vulnerabilidade externa - e ao crescimento do volume de aprovações pelo BNDES. De janeiro a novembro, foram aprovados R$45,7 bilhões, um aumento de 38% frente o mesmo período do ano passado.

- O ano que está acabando foi o ano da consolidação do vigor da economia brasileira. Isso nos permite dizer que 2006 será o melhor ano do governo Lula. E isso não é apenas um desejo, mas uma afirmação em cima de uma base concreta - enfatizou o presidente do BNDES, para quem a economia deverá crescer 5% no ano que vem.

Mantega acredita, ainda, que o setor agrícola - que sofreu com a seca e com a valorização do real - deve registrar um crescimento de 5% no próximo ano. Já o comércio e a indústria deverão avançar 2,5% e 7%, respectivamente.

Perguntado se suas previsões não estavam muito otimistas para um ano eleitoral, o presidente do banco de fomento afirmou que a política não vai interferir na economia:

- O governo não vai mudar a política econômica por causa das eleições. Não vai acontecer a perturbação que aconteceu em 2002, porque naquele ano a economia estava com bases mais fracas, não tinha dinamismo. A economia agora está sólida.

Banco lançará debêntures ano que vem

Contente com os resultados do PIBB (fundo de investimentos que aplica em ações da carteira da BNDESPar), que este ano rendeu cerca de 40%, Mantega informou que vai lançar debêntures do BNDES no mercado. O banco também apoiará Fundos de Investimentos em Direitos Creditórios (FIDCs) setoriais: empresas terão acesso a juros mais baixos, dando recebíveis como garantia.