Título: ESTRELA DO PT CONTINUA NO ALVORADA
Autor: Luiza Damé e Cristiane Jungblut
Fonte: O Globo, 01/01/2006, O País, p. 10

Lula e dona Marisa voltam em fevereiro para Palácio cuja reforma custou R$18,4 milhões

BRASÍLIA. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva conseguiu apoio de grandes empresários para restaurar o Palácio da Alvorada e resgatar materiais de sua inauguração em 1958. Mas o casal Lula deixará marcas na obra que custou R$18,4 milhões. O presidente e a primeira-dama Marisa Letícia mantiveram, por exemplo, a polêmica estrela de flores vermelhas nos jardins do Alvorada.

O presidente e dona Marisa só devem pensar em mudança da Granja do Torto de volta para o Alvorada no final de fevereiro. É que, segundo assessores, a obra ainda está na fase de acabamento. Ainda faltam detalhes, como confecção e instalação das cortinas e restauração de móveis. Só depois do Carnaval é que todos os acabamentos estarão prontos.

A assessores e amigos, Lula tem dito que o Alvorada ¿está uma maravilha¿. Segundo integrantes do governo, um dos desejos do presidente não foi atendido: ele pediu que fosse construído um bar mais próximo à piscina, pois a cozinha do Alvorada fica muito longe. Por restrições orçamentárias, a obra não foi feita.

Lula e dona Marisa nunca esconderam que preferem morar na Granja do Torto. Por isso, alguns assessores suspeitam que Lula vai adiar o máximo possível sua volta ao Alvorada. Alguns detalhes do Palácio do Planalto são considerados desconfortáveis para a rotina de uma família. Por exemplo: a sala de refeições fica no segundo andar e a cozinha no subsolo. A comida é transportada por um elevador e chega fria ao refeitório, onde é requentada.

Alguns cômodos do Palácio nem sequer tinham ar-condicionado, como a sala de recepção no térreo, o que foi resolvido com a reforma, iniciada há um ano. Os esgotos e as tubulações de água pingavam no teto do primeiro andar e havia dificuldade de conserto porque o material era velho e a construção, em bloco.

Desde o início de seu mandato, Lula dissera que o Alvorada estava em péssimas condições, com vazamentos e infiltrações. O Planalto chegou a divulgar fotos, publicadas pelo GLOBO com exclusividade, de salas sem teto devido às infiltrações ou com manchas. O governo relutou bastante em assumir o ônus de bancar a reforma com dinheiro público e acabou aceitando a oferta da Associação Brasileira de Infra-Estrutura e Indústria de Base (Abdib), que reuniu empresas para pagar a obra.

Segundo o presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Arquitetônico e Nacional (Iphan), Alfredo Gastal, a estrela nos jardins do Alvorada, que será mantida, não afeta o tombamento do Palácio e pode ser removida a qualquer momento.