Título: MENOR GASTO ATÉ NA CONTA DO PAÍS
Autor: Monica Tavares
Fonte: O Globo, 01/01/2006, Economia, p. 26

Fonte alternativa evitou que consumo de eletricidade voltasse a subir

BRASÍLIA. Os benefícios do aquecimento solar não aparecem apenas no bolso do consumidor. Eles representam, também, economia para o país. Isso porque 25% da demanda de energia no Brasil são de residências que, desde o racionamento reduziram substancialmente seu consumo.

Até 2001, antes do racionamento, a energia consumida era, em média, de 175 quilowatts-hora (kWh) por mês. Com o racionamento, o usuário era obrigado a economizar, sob pena de pagar multa. Assim, o consumo caiu para 140kWh por mês, e se mantém nesse patamar até hoje. Parte disso se deve à busca de fontes alternativas, como a energia solar.

Segundo o gerente do Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel) da Eletrobrás, Renato Mahler, até 2001 o consumo de energia elétrica vinha crescendo e, em abril daquele ano, atingiu 27,09 mil gigawatts-hora (GWh), um crescimento de 10,6% em relação ao mesmo mês de 2000. Com o racionamento, que começou em junho de 2001, foram registrados 11 meses consecutivos de queda. A retração no consumo se estendeu até junho de 2002 e a taxa só voltou a ser positiva em julho daquele ano.

Empresas também apostam em fogões e geladeiras

O consumo brasileiro de eletricidade acumulou queda de 7,7% em 2001. No ano seguinte, cresceu apenas 2,5%, mesmo tomando como base de comparação os fracos dados de 2001. Em 2003, houve uma pequena elevação, de 3,7%, e em 2004 a demanda cresceu 4,5% em relação ao ano anterior. Até junho de 2005, o consumo de energia aumentou 5,6%.

Empresas do setor também estão investindo para aproveitar as distintas formas de energia solar ¿ mas que são um desafio em termos de produção em escala. A Paz Engenharia, empresa de Belo Horizonte, foi criada pelo matemático Fernando Vollu Cyríaco e pelo engenheiro mecânico Fabiano Chaves, em março de 2003, para desenvolver o projeto de uma geladeira movida a energia solar. Até agora, a dupla investiu R$20 mil. São três modelos de geladeira solar, com custos de produção variando entre R$200 e R$2 mil.

¿ Percebemos que, numa residência, a geladeira e o chuveiro elétrico são os dispositivos de maior consumo ¿ disse Cyríaco. ¿ A idéia não é simplesmente desenvolver, mas produzir.

Entre os produtos oferecidos pela Soletrol, líder do mercado de aquecedores solares, está o fogão solar. O diretor-presidente da empresa, Luís Augusto Ferrari Mazzon, diz que o equipamento não é um produto muito prático para se carregar e funciona mais para quem gosta de cozinhar como hobby. (Mônica Tavares)