Título: ENERGIA SOLAR GARANTE ECONOMIA E GANHA MERCADO RESIDENCIAL NO BRASIL
Autor: Monica Tavares
Fonte: O Globo, 01/01/2006, Economia, p. 26

Setor cresceu mais de 30% nos últimos anos e agora aposta em exportação

BRASÍLIA. O uso de energia solar no Brasil vem se consolidando como alternativa ao consumo de eletricidade. Só o mercado de aquecimento solar cresceu acima de 30% nos últimos anos e, em 2005, deverá movimentar cerca de R$200 milhões no país. A produção chegará a 400 mil metros quadrados de coletores solares ¿ cem mil novas residências contarão este ano com o equipamento, que é usado no aquecimento de água (chuveiro, piscina, sauna). Nas casas em que a energia solar é utilizada, a redução na conta de luz fica entre 20% e 25%, segundo o Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel).

O setor residencial consome 85% dos painéis solares comercializados no Brasil. O terciário (hotéis, clubes e hospitais) fica com 12% e a indústria, que está começando a crescer, com 3%. A estimativa é do diretor do Departamento Nacional de Aquecimento da Associação Brasileira de Refrigeração, Ar-Condicionado, Ventilação e Aquecimento (Abrava), Carlos Felipe da Cunha Faria. A entidade reúne 35 das empresas produtoras e detém 90% do mercado nacional. O setor é responsável por cerca de dez mil empregos diretos e indiretos.

Qualidade da energia é o maior atrativo do produto

O sucesso dos painéis levou o setor a mirar o exterior. O programa de exportação começou no ano passado e os coletores solares já estão sendo vendidos para África, América Latina, Europa e EUA. Uma das grandes empresas do setor, a Soletrol, por exemplo, se prepara para atuar no mercado europeu. Para isso, está passando por certificação de seus produtos em laboratórios de Portugal.

¿ É um trabalho recente que começou no fim do ano passado ¿ diz o diretor-presidente da Soletrol, Luís Augusto Ferrari Mazzon, acrescentando que a companhia pretende exportar US$2 milhões em 2006.

O maior atrativo da energia solar é a sua eficiência. Segundo dados da Abrava, cada metro quadrado de coletor solar instalado gera anualmente energia equivalente a 215 quilos de lenha, 55 quilos de gás de botijão (GLP), 66 litros de óleo diesel ou 73 litros de gasolina. Além disso, pode evitar a inundação de 56 metros quadrados de áreas férteis na construção de novas usinas hidrelétricas. O Brasil tem uma média anual de 280 dias de sol, o que faz com que a energia solar seja uma boa alternativa.

Setor público também é grande consumidor

Segundo empresas do ramo, o preço do produto se tornou acessível. Hoje, um aquecedor solar já pode ser instalado a partir de R$700, e este valor pode ser parcelado em 12 vezes. Em uma residência de classe média, com mais banheiros, o custo do aquecedor solar é de R$2 mil, segundo a Soletrol. Para substituir o chuveiro elétrico pelo aquecedor solar, o consumidor não precisa quebrar paredes: basta usar um misturador de água solar.

O setor público também é um grande consumidor de energia solar, neste caso para substituir a eletricidade nas áreas mais remotas ou carentes. O superintendente da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Ricardo Vidinich, disse que dentro do programa ¿Luz para Todos¿ só a Coelba (distribuidora da Bahia) está atendendo neste sistema a três mil consumidores que moram distantes da rede elétrica.

A falta de um programa de governo e de divulgação são, na opinião do diretor-presidente da Soletrol, os dois fatores que fazem com que ainda exista no país uma grande demanda reprimida por aquecedores solares.