Título: PF indiciará índios por massacre de garimpeiros
Autor: Jailton Carvalho
Fonte: O Globo, 17/11/2004, O País, p. 13

A Polícia Federal vai indiciar os caciques Nacoça Pio Cinta-Larga e Carlão e o índio Zé Paulo Cinta-Larga pelo massacre de 29 garimpeiros no dia 7 de abril deste ano dentro da reserva Roosevelt, em Rondônia. A PF examina ainda a possibilidade de responsabilizar pelo crime Walter Bloss, funcionário da Fundação Nacional do Índio (Funai) que estava na reserva no dia do massacre. O inquérito está praticamente pronto e deverá ser enviado à Justiça até o final do mês.

Segundo o delegado Guilherme Matos de Oliveira, responsável pelo inquérito, Pio e Carlão serão indiciados por omissão ou como mandantes do crime. Os dois são caciques da aldeia Roosevelt, onde os garimpeiros foram chacinados a golpes de borduna, facas, flechas e tiros.

Zé Paulo é o único índio identificado como um dos cintas-largas que atacaram e mataram os garimpeiros. Pelos relatos iniciais de servidores da Funai e dos próprios cintas-largas, mais de 40 índios teriam participado do massacre.

¿ O relato das testemunhas sobre a participação dele (Zé Paulo) coincide exatamente com as informações dos laudos periciais sobre um dos corpos dos garimpeiros ¿ disse o superintendente da PF em Rondônia, delegado Francisco Mesquita.

PF também pode indiciar chefe da Funai na região

Guilherme Matos deve decidir nos próximos dias se os indícios são suficientes também para incriminar Walter Bloss. A PF acredita que, como chefe da Funai na região, Bloss poderia ter evitado o massacre ou mesmo advertido a polícia sobre o risco do crime.

Depois do massacre, Bloss teve que sair às pressas da região. Alguns garimpeiros que estiveram na reserva o apontavam como um dos insufladores dos índios contra o garimpo na terra dos cintas-largas.

¿ Estamos analisando as informações que temos para sabermos até que ponto houve omissão da Funai e se, a partir daí, será possível a responsabilização criminal dele (Bloss) ¿ disse Guilherme Matos.