Título: BIMOTOR CAI E DOIS MORREM EM SP
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Fonte: O Globo, 03/01/2006, O País, p. 10

Avião se chocou contra morro na Serra da Cantareira; um homem e uma criança sobreviveram

SÃO PAULO. Duas pessoas morreram ontem na queda de um avião bimotor Sêneca no pé da Serra da Cantareira, na Zona Norte de São Paulo. O empresário da construção civil Antônio Celso Cortes, de 50 anos, e o estudante Mateus Simler de Almeida, de 10, sobreviveram ao acidente e sofreram apenas escoriações. Mateus é filho do piloto Rodney Ferreira de Almeida, que morreu no acidente.

O acidente aconteceu às 8h, no alto de um morro com mata fechada e de difícil acesso. O avião, que havia saído de Mato Grosso do Sul, se chocou contra a serra pouco antes de pousar no aeroporto do Campo de Marte, a cerca de sete quilômetros do local do acidente. Também morreu de Walterlino Resende de Oliveira, que viajava ao lado do piloto.

Avião passaria por manutenção em São Paulo

Os sobreviventes foram socorridos por moradores do local após caminharem mais de duas horas na mata fechada em busca de ajuda. Os dois foram transportados por helicópteros da Polícia Militar. O garoto foi levado ao Hospital Geral de Taipas e o empresário, à Santa Casa de Misericórdia, no Centro.

Segundo o soldado Wladmir França, do 2º Grupamento do Corpo de Bombeiros, o avião ficou completamente destruído, e os corpos, carbonizados.

¿ Um dos mortos estava bem queimado, do meio do corpo para baixo. A outra metade não deu para ver onde estava. O outro estava completamente queimado ¿ disse o porteiro Jurandir Cesário de Lima, que ajudou os bombeiros.

Segundo informações das vítimas, o avião passaria por manutenção em São Paulo, já que a última inspeção anual venceria no próximo dia 13. O bimotor, de seis lugares, foi comprado em 5 de dezembro e era novo. O piloto morava em Campo Grande e era habilitado desde 1983. Testemunhas afirmaram que pedaços do avião e uma grande quantidade de papéis se espalharam pelo local.

Segundo o capitão Edson Farias, do Setor de Investigação de Acidentes do Departamento de Aviação Civil (DAC), os dois motores da aeronave funcionavam com baixa potência no momento do acidente. A visibilidade era péssima, mas o piloto operava em condições visuais.

Os integrantes do conjunto Mamonas Assassinas morreram num acidente aéreo na mesma Serra da Cantareira, em março de 1996. O grupo voltava de um show em Brasília. Também morreram outras quatro pessoas que estavam à bordo do avião Lear Jet 25, da Madrid Táxi Aéreo. Eles seguiam para o Aeroporto Internacional de Cumbica, em Guarulhos, na Grande São Paulo.

O local da queda também era de difícil acesso, em meio a um enorme matagal, o que dificultou o trabalho do Corpo de Bombeiros. O laudo elaborado pela polícia, que ficou pronto em outubro, apontou como indiciados os dois pilotos e órgãos terrestres de controle de vôo.