Título: POLÍCIA CIVIL OCUPA FAVELA, MAS NÃO ACHA PAJERO
Autor: Antonio Werneck
Fonte: O Globo, 03/01/2006, Rio, p. 15

Em nota, PM diz que fez incursões em Vigário Geral, mas homem que dirigia o carro nega a versão oficial

Um grupo de policiais da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) da Polícia Civil do Rio ocupou ontem de manhã a Favela de Vigário Geral, mas não encontrou a Pajero roubada um dia antes por dois homens armados, na Linha Vermelha. A decisão da Polícia Civil de tentar recuperar o carro foi tomada 24 horas depois de o barbeiro Marcos de Carvalho Leite, de 42 anos, ter acusado a PM de levar sete horas para entrar na favela. O veículo, equipado com rastreador via satélite, teria sido levado pelos ladrões para dentro de Vigário Geral.

Em nota, a Polícia Militar negou ontem, por meio de sua assessoria de imprensa, que tenha se omitido ao ser procurada pelo barbeiro e seus parentes. A PM informou que atendeu prontamente à solicitação. Ainda segundo a PM, foram inúmeras incursões realizadas em Vigário Geral, contando com a participação de 15 policiais militares do 4º BPM (São Cristóvão), do 6ºBPM (Tijuca), do 16º BPM (Olaria) e do 17º BPM (Ilha do Governador).

PM só teria entrado na favela às 18h

O cunhado de Marcos, o comerciário Raul Fernandes Sobrinho, voltou a dizer ontem que a PM só entrou na favela por volta das 18h, depois que eles insistiram e, por telefone, entraram em contato com uma oficial no Quartel Central da corporação. Um dos diretores da Associação de Moradores de Vigário Geral, que preferiu não ser identificado, confirmou a versão de Marcos e Raul: a PM entrou na favela pouco antes das 18h.

¿ Procuramos cedo os policiais do 16º BPM (Olaria) informando que o carro estava na favela. Eles disseram que só entrariam com a chegada de apoio ¿ voltou a afirmar ontem Raul.

Casos semelhantes ao do barbeiro Marcos já teriam ocorrido na área do 16ºBPM (Olaria): em setembro passado, os policiais do batalhão teriam se recusado a entrar na Favela Furquim Mendes, no Jardim América, por considerarem a comunidade como área de risco. O artista plástico Sérgio Gonçalves fez a denúncia depois de tentar recuperar seu carro, uma Dakota KNH-2135, roubada na Via Dutra, em São João de Meriti. Também setembro de 2005, o empresário Albino Pereira passou por situação semelhante para recuperar o Toyota Hilux do pai, no Morro da Fazendinha, no Complexo do Alemão.