Título: RISCO-BRASIL É O MENOR DA HISTÓRIA: 299 PONTOS
Autor: Wagner Gomes
Fonte: O Globo, 04/01/2006, Economia, p. 21

Bolsa sobe 3,08% e também atinge recorde com perspectiva de fim do ciclo de alta dos juros nos Estados Unidos

SÃO PAULO. A indicação do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) de que o ciclo de elevações dos juros nos Estados Unidos está perto do fim levou o mercado financeiro a números positivos ontem. O risco-Brasil, índice calculado pelo banco americano JP Morgan que mede a confiança do investidor estrangeiro no país, caiu 12 pontos e encerrou o dia a 299 pontos centesimais, um novo recorde histórico. Já a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), que já estava em alta no dia, disparou depois da divulgação, no fim da tarde, da ata da última reunião do Fed e também registrou recorde histórico: 34.540 pontos (3,08%).

O ciclo de altas dos juros americanos começou em junho de 2004 e autoridades do Fed sugeriram que apenas alguns ajustes podem ocorrer daqui para frente. Na última reunião, em dezembro, a taxa básica dos EUA subiu 0,25 ponto percentual pela 13ª vez consecutiva, para 4,25% ao ano.

O fim das elevações dos juros americanos fortalece a posição de emergentes como o Brasil, porque taxas menores nos Estados Unidos significam mais recursos para esses países, incluindo títulos públicos e ações. O risco-país é a diferença entre os juros pagos pelos EUA (considerados de risco zero) e as taxas que a nação analisada tem que oferecer para captar recursos. Quanto menor a diferença, melhor. Na máxima do dia, o risco-Brasil chegou a 306 pontos centesimais e na mínima, a 298 pontos. O risco-país da Argentina caiu 14 pontos, mas ainda está bem acima do Brasil e fechou ontem a 490 pontos.

¿ A ata da última reunião do Fed possibilitou a recuperação do mercado externo e deu uma força à Bovespa ¿ disse Luiz Roberto Monteiro, consultor de investimentos da Corretora Souza Barros.

Dólar tem queda de 0,38% e fecha a R$2,331

O dólar caiu no segundo pregão do ano e fechou em queda de 0,38%, a R$2,331 para venda. Pela manhã, a moeda subiu na expectativa dos leilões de compra do Banco Central, que na véspera tivera uma forte atuação e elevara a cotação da divisa em 0,65%. Mas o BC reduziu o ritmo de negócios ¿ aceitou apenas uma proposta no leilão no mercado à vista ¿ e a moeda não se sustentou.

A autoridade monetária fez ainda um leilão de swap , operação que equivale a uma compra de dólares no mercado futuro. Mas, dos 8.800 contratos ofertados, o BC vendeu 7.400, o equivalente a US$350,5 milhões. Na véspera, o BC vendeu 8.700 dos 8.800 contratos ofertados, em uma operação de US$412,5 milhões.

¿ O mercado esperava uma atuação mais forte ¿ disse José Roberto Carreira, gerente de câmbio da Corretora Novação.

Segundo Monteiro, da Souza Barros, a perspectiva de queda da taxa de juro nos Estados Unidos deve embalar a bolsa paulista e o cenário é positivo para o primeiro semestre do ano. De acordo com o analista, a Bovespa também será beneficiada pelo bom desempenho da economia interna. Ele afirmou que os negócios serão atraentes para os investimentos em renda variável. Ontem, as ações mais negociadas na Bovespa foram Petrobras PN, Telesp Celular Pa PN e Bradesco PN. As principais altas foram de TIM Part ON (12,32%) e Telesp Celular PN (8,26%).

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