Título: RÚSSIA E UCRÂNIA NEGOCIAM GÁS NATURAL
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Fonte: O Globo, 04/01/2006, Economia, p. 21

Países tentam pôr fim à crise que ameaça abastecimento da União Européia

KIEV, MOSCOU, VIENA e NOVA YORK. A Rússia reabriu negociações ontem com a Ucrânia e a Moldávia sobre o fornecimento de gás natural para estes países, cortado no dia 1º de janeiro por causa de uma disputa de preços. Cerca de 25% do gás consumido pelos europeus vêm da Rússia, por gasodutos que passam pela Ucrânia.

Russos, ucranianos e moldávios reclamaram à União Européia uma tomada de posição sobre a crise que afetou o fornecimento do produto para a Europa. Mas o ministro austríaco de Economia e atual presidente do Conselho Europeu de Ministros de Energia, Martin Bartenstein, disse, em Viena, que a UE não mediará o conflito e que a solução dependerá de negociações entre as partes.

Ucrânia e Moldávia reiteraram sua disposição de pagar preços de mercado pelo gás russo, mas insistiram num aumento menor para evitar o colapso de suas economias.

¿ Temos todas as possibilidades de chegar a um acordo bilateral com a Ucrânia ¿ disse Serguei Kupriyanov, porta-voz da estatal russa Gazprom, ressaltando no entanto que a Rússia não baixará os preços.

Kupriyanov acusou a Ucrânia de continuar roubando o gás russo bombeado para a Europa, e disse que a Gazprom teria documentado desvios no valor de quase US$50 milhões entre o último domingo e esta segunda-feira. Os ucranianos negam as acusações.

Ontem, a estatal ucraniana de petróleo e gás Naftogaz retomou a distribuição de gás natural para a Europa na capacidade máxima.

¿ Hoje, distribuímos 360 milhões de metros cúbicos de gás russo. Com isso estamos cumprindo todas as nossas obrigações ¿ disse Mykola Goncharuk, diretor da empresa.

Nos EUA, o petróleo teve alta de 3,37% por causa da crise do gás natural na Europa e de compras especulativas feitas por investidores, fechando em US$63,10 o barril.