Título: TRINTA ENVIADOS DA CIA AO IRAQUE NÃO CONSTATARAM ARSENAL PROIBIDO NO PAÍS
Autor: José Meirelles Passos
Fonte: O Globo, 04/01/2006, O Mundo, p. 25

Livro de repórter do `New York Times¿ revela outros erros de Bush

WASHINGTON. Novas evidências de erros grosseiros cometidos por agências de espionagem dos Estados Unidos, tanto no Iraque quanto no Irã, assim como na caça a terroristas da al-Qaeda, de Osama bin Laden, vieram à tona ontem com o lançamento de um livro de James Risen, repórter do ¿New York Times¿.

Trata-se do mesmo jornalista que semanas atrás revelou, em reportagem no jornal, que o presidente George W. Bush emitira ordens secretas para a realização de escutas telefônicas e captação de mensagens via e-mail, sem a obtenção de ordens judiciais específicas ¿ como prevê a lei.

No livro ¿State of war: the secret history of the CIA and the Bush administration¿ (¿Estado de guerra: a história secreta da CIA e do governo Bush¿), Risen conta que a CIA ¿ que não tinha agentes no Iraque ¿ usou 30 familiares de cientistas nucleares iraquianos que vivem nos EUA para obter informações sobre armas de destruição em massa.

As pessoas foram enviadas pela agência ao Iraque, em 2002. E todas voltaram de lá dizendo basicamente a mesma coisa: que os programas de armas tinham sido abandonados em 1991. Apesar disso, a CIA emitiu um informe afirmando que o programa nuclear iraquiano tinha sido reiniciado.

Risen conta, ainda, que um agente da CIA enviou a um informante iraniano dados que poderiam ser utilizados para identificar todos os agentes que a CIA tinha no Irã. Acontece que, soube-se depois, o iraniano era um agente duplo e vários agentes americanos acabaram sendo encarcerados naquele país.

O livro revela também cenas de bastidores da Casa Branca. Numa delas Risen insinua que Bush se mostrara conivente com a tortura de presos políticos. Segundo ele, em março de 2002 o presidente convocou o então diretor da CIA, George Tenet, à Casa Branca para perguntar a ele que informações haviam sido obtidas de Abu Zubaydah, na época a figura mais alta da al-Qaeda detida pelos americanos.

Tenet lhe disse que obteve muito pouco, pois o prisioneiro não tinha condições de falar coerentemente. Estava grogue devido a fortes doses de analgésicos. Ele foi ferido durante a sua captura. Bush, irritado com a resposta, teria perguntado a Tenet: ¿E quem autorizou a aplicação de remédios para aliviar as dores dele?¿