Título: Serraglio vai convocar diretores da CEF
Autor:
Fonte: O Globo, 05/01/2006, O País, p. 8

Dirigentes da Caixa e do BMG terão de explicar o negócio que motivou suspeita do TCU

BRASÍLIA. O relator da CPI dos Correios, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), deve convocar dirigentes da Caixa Econômica Federal e do banco BMG ¿ um dos que emprestou a Marcos Valério recursos supostamente repassados a aliados do governo ¿ para explicar um negócio posto sob suspeita por relatório do Tribunal de Contas da União (TCU).

Auditoria preliminar feita pelos técnicos do tribunal indicou que a direção da Caixa beneficiou o BMG em operações que deram lucro de R$119 milhões ao banco. Em seis operações, a Caixa comprou a carteira de empréstimos feitos pelo BMG com a garantia de que os pagamentos seriam feitos diretamente com descontos nas folhas de pagamento.

Segundo o relatório do TCU, revelado ontem pelo jornal ¿Folha de S.Paulo¿, os dirigentes da Caixa praticaram ato de improbidade administrativa ao decidirem comprar a carteira do BMG em apenas 18 dias e obtiveram um resultado final contrário ao usado pela Caixa para fazer a operação. Os bancos rebatem as acusações contidas no relatório.

¿ Esperamos pelo relatório do TCU, porque a Caixa refuta as conclusões divulgadas ¿ afirmou ontem Serraglio.

Caixa comprou R$1,09 bi de empréstimos do BMG

Entre dezembro de 2004 e setembro de 2005, a Caixa comprou empréstimos no valor de R$1,09 bilhão do BMG. O documento do tribunal admite que não houve prejuízo para a Caixa com o negócio, mas informa que foram adotadas medidas administrativas que beneficiaram o BMG. A direção da Caixa argumenta que a operação deu um resultado positivo de R$266 milhões.

¿A celeridade na tramitação do processo do BMG e de suas demandas, aliadas às condições de negociação e aos ótimos resultados atingidos pelo BMG, em detrimento da Caixa, denotam claro favorecimento à instituição financeira (...) o que por si só, macula todo o processo de aquisição de créditos consignados pela empresa (Caixa) desde sua origem¿, diz um trecho do relatório do TCU.

A idéia de promover o negócio foi da direção do BMG, que na época alegava que havia um risco sistêmico no mercado bancário por causa da quebra do banco Santos. A operação consistiu em adiantar ao banco o dinheiro referente aos empréstimos e receber parte dos juros devidos pelas pessoas que tomaram o dinheiro no BMG.