Título: ARGENTINA APURA QUEDA DE AVIÃO COM BRASILEIROS
Autor:
Fonte: O Globo, 05/01/2006, O País, p. 9

Parentes não acreditam em falha do médico que pilotava monomotor; liberação dos corpos deve demorar 40 dias

BELO HORIZONTE. As autoridades aeronáuticas da Argentina ainda não sabem o que provocou o acidente aéreo que matou quatro brasileiros anteontem na Cordilheira dos Andes, perto de Mendoza. O médico oftalmologista Edilson Krueger Leite, de 54 anos, de Belo Horizonte, era o dono e piloto do avião monomotor Cessna 172 e viajava a passeio na companhia da namorada, Lucilei Vieira Matos, e de um casal de amigos, o procurador de Justiça de Minas Marco Túlio Silva e a mulher dele, a ginecologista Sandra Ferrari.

O médico pilotava aviões há 15 anos por hobby e já tinha ido à Argentina seis vezes. Há cerca de um ano, Leite fez outra viagem longa, percorrendo várias praias do litoral Norte e Nordeste do Brasil. Ele era amigo de infância de Sandra Ferrari e costumava viajar junto com o casal. A última viagem foi programada desde meados do ano passado.

A decolagem foi de um aeroporto para pequenos aviões em Belo Horizonte na manhã do dia 27 dezembro. O destino era Santiago, no Chile, mas o roteiro de viagem incluía várias escalas. No Brasil, o Cessna parou em Bauru (SP) e Foz do Iguaçu (PR), e depois seguiu para Argentina, onde fez escalas em Córdoba e Mendoza. Dez minutos depois de decolar para Santiago, o avião caiu na região da Cordilheira dos Andes argentina.

¿Edilson era um piloto muito criterioso e detalhista¿

A Força Aérea Argentina informou que os corpos já foram levados para Mendoza e que peritos investigam a causa do acidente. Os corpos só serão liberados depois de identificados por exame de DNA, pois estão carbonizados. O trabalho deve durar cerca de 40 dias. Parentes devem ir à Argentina ajudar nos trabalhos de identificação.

Em Belo Horizonte e Vitória, amigos e parentes não acreditam em falha do piloto, hipótese aventada pela imprensa argentina. Henrique Koroth, amigo e vizinho de Leite, que participou de viagens anteriores, disse que o amigo planejava bem as viagens e tinha um avião muito bem equipado:

¿ Edilson era um piloto muito criterioso e detalhista. Ele já foi outras vezes para a Argentina e para o Chile conhecer vinícolas que apreciava. Nem o trajeto era novidade. Não há a menor chance de ter ocorrido falha humana.