Título: DIEESE: CESTA BÁSICA SUBIU EM 16 CAPITAIS
Autor: Geralda Doca
Fonte: O Globo, 05/01/2006, Economia, p. 17

SÃO PAULO. O preço da cesta básica subiu em 2005 nas 16 capitais pesquisadas pelo Dieese. Em Belo Horizonte a alta chegou a 16,16%. O custo subiu 7,69% no Rio e 6,52% em São Paulo. Porto Alegre tinha no fim de dezembro o preço mais alto da cesta básica: R$191,30. Em São Paulo, a cesta custava R$183,43 e no Rio, R$178,09. De acordo com o Dieese, o salário-mínimo ainda é incapaz de suprir as necessidade do trabalhador para a compra de produtos básicos. Com base no maior valor da cesta, o salário-mínimo em dezembro deveria ser de R$1.607,11, 5,36 vezes o piso vigente, de R$300.

Com a desaceleração de preços das tarifas públicas, a inflação na cidade de São Paulo registrou em 2005 sua menor variação nos últimos cinco anos. De acordo com a Fipe, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) acumulou alta de 4,53% no ano passado, contra 6,56% em 2004. Foi também o terceiro ano consecutivo de queda do indicador, que mede o custo de vida das famílias com renda até 20 salários-mínimos.

Mantido o atual cenário, o economista Paulo Picchetti, da Fipe, prevê aumento também de 4,5% para o IPC neste ano. Sua estimativa leva em conta o afrouxamento da atual política monetária, o que poderá levar a um maior aquecimento da economia, com reflexos sobre os preços livres. Mas ele adverte que essa previsão poderá mudar com a corrida presidencial neste ano

Em 2001, a inflação chegou a 7,13% sob o peso do chamado ¿risco Lula". Neste ano, disse Picchetti, não é possível descartar o surgimento de fenômeno semelhante ou de medidas eleitorais do governo que levem a um aumento da inflação.

¿ O que eu esperou, de coração, é que o processo eleitoral não contamine a economia ¿ afirmou ele.

O economista acrescenta que ainda é frágil o equilíbrio da inflação no país. Segundo ele, a queda recente dos indicadores tem se sustentado exclusivamente por conta de uma política de juros altos, que enfraquece a atividade econômica e deprecia o câmbio. O grau de afrouxamento dessa política, principalmente num ano eleitoral, seria o maior desafio da equipe econômica.

Os preços dos serviços puxaram a inflação em 2005. De acordo com a Fipe, quase dois terços do IPC acumulado no ano passado saíram de itens como contratos de assistência médica, transporte público e mensalidade escolar. .