Título: LULA IRÁ AO FÓRUM ECONÔMICO DE DAVOS
Autor: Eliane Oliveira
Fonte: O Globo, 05/01/2006, Economia, p. 19

Presidente articula ainda uma minicúpula para tratar de questões agrícolas

BRASÍLIA. Pelo terceiro ano consecutivo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva participará do Fórum Econômico Mundial, no fim deste mês em Davos, na Suíça. Além de passar sua mensagem à nata do capitalismo global ¿ discurso que foi aplaudido nos anos anteriores ¿ Lula está costurando uma minicúpula de chefes de Estado para que seja dado um impulso político às negociações da Organização Mundial do Comércio (OMC).

Essa idéia do encontro paralelo foi lançada por Lula em novembro. O presidente já antevia que haveria poucos resultados na reunião de Hong Kong, em dezembro, quando o único compromisso obtido dos países desenvolvidos foi o de marcar uma data ¿ 2013 ¿ para a total eliminação dos subsídios às exportações agrícolas. A proposta foi vista com simpatia pelo presidente dos EUA, George W. Bush, e pelo primeiro-ministro britânico, Tony Blair.

¿ Sempre defendemos um encontro de líderes políticos, para que as negociações possam avançar ¿ disse o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim.

Tendo a seu lado o ministro de Negócios Estrangeiros da Austrália, Alexander Downe, Amorim disse que a ida de Lula a Davos não está ¿cem por cento confirmada¿. No entanto, fontes do Palácio do Planalto garantiram que o presidente estará na Suíça, depois de participar do Fórum Social, em Caracas, no dia 23.

Amorim admitiu que Davos seria uma oportunidade para um boa conversa política sobre a Rodada de Doha. Para o chanceler brasileiro, quase não há mais margem de manobra nas negociações.

¿ Há decisões difíceis a serem tomadas, especialmente para os que estão mais resistentes à abertura de mercados agrícolas e se valem de argumentos que já não são mais sustentáveis ¿ afirmou Amorim.

O ministro australiano aproveitou para destacar que o primeiro-ministro de seu país, John Howard, participaria com satisfação de um encontro de chefes de Estado. Mesmo porque, lembrou Downe, a Austrália é aliada do Brasil na questão agrícola.

¿ Defendemos um sistema comercial mais justo, que dê acesso, principalmente, aos países mais pobres ¿ disse Downe, que chegou a dirigir, um carro bicombustível ao chegar ao Itamaraty.