Título: ACORDO COM BOEING VAI AMPLIAR FROTA DA VARIG
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Fonte: O Globo, 05/01/2006, Economia, p. 22

Empresas acertam financiamento para recuperação de turbinas. Companhia quer operar com 64 aviões este mês

A Varig e a Boeing Capital Corporation firmaram um acordo de financiamento para recuperação de seis turbinas de aeronaves MD-11. Esse acerto permitirá, até o fim de março, a reincorporação à frota de dois aviões que estavam em reparo na Varig Engenharia e Manutenção (VEM), informou a Varig ontem.

Com isso, a companhia aérea, que desde junho está em processo de recuperação judicial (previsto na nova lei de falências), espera chegar ao fim deste mês com 64 aviões em operação. Desde a segunda quinzena de dezembro de 2005, quando estava com 57 aviões, a Varig iniciou um programa de reintegração da frota, para tentar recuperar mercado.

De novembro de 2004 para novembro do ano passado, segundo o Departamento de Aviação Civil (DAC), a participação do Grupo Varig no mercado doméstico caiu de 33,45% para 24,77%, enquanto a da Gol subiu de 23,87% para 29,08% e a da TAM, de 39,23% para 43,79%. Nas linhas internacionais, a participação da TAM subiu de 16,2% para 21,89% e a da Gol, de 0,02% para 2,79%. Enquanto isso, a fatia da Varig caiu de 83,81% para 75,29%.

Na segunda quinzena de dezembro entraram em operação na Varig um Boeing 777 e três Boeings 737, possibilitando a oferta de 648 lugares em vôos nacionais e internacionais. Amanhã será reincorporado um Boeing 767, de 210 assentos, e até o dia 15 haverá mais dois Boeing 737, com 272 lugares.

Empresa obteve extensão do prazo de quitação de dívida

O aumento da oferta prossegue em fevereiro com a recuperação de três Boeings 737, totalizando mais 408 assentos. Em março acontece a reintegração dos dois MD-11 acertados com a Boeing e em abril, de um Boeing 777. ¿A previsão é colocar no mercado, neste primeiro semestre, mais dois mil assentos à venda nas agências de viagem¿, disse a companhia.

Hoje, a Varig realiza assembléia do Colégio Deliberante, composto por 140 membros da empresa, para discutir a venda das subsidiárias VEM e VarigLog. As duas empresas foram alienadas para a empresa aérea portuguesa TAP, que só poderá ficar com elas se não aparecer uma proposta maior. A Docas S.A. e o fundo americano Matlin Patterson disputam os dois ativos com a TAP, com propostas que seriam maiores, e na assembléia será decidido quem ficará com as empresas.

Na última audiência da Varig no Tribunal de Falências do Distrito Sul de Nova York, onde negocia suas dívidas com credores americanos, a companhia obteve uma ampliação do prazo para quitar seus débitos, que agora acaba no próximo dia 13. Na ocasião, o presidente da companhia, Marcelo Bottini foi sabatinado duramente pelos advogados dos credores.

O juiz Robert Drain também decidiu que a Varig terá que participar de uma nova audiência no dia 12. A medida impediu que as companhias de leasing retomassem aeronaves da Varig ¿ a empresa poderia perder até 40 aviões.

Ao proferir sua decisão, o juiz Drain afirmou que simpatizava com as queixas das empresas de leasing, mas preferia dar uma nova chance à Varig para resolver suas pendências financeiras.

¿ Não acredito que a Varig esteja discriminando esses credores ¿ disse o juiz.

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