Título: Lula deve anunciar se é candidato até março
Autor: Cristiane Jungblut/Heliana Frazão/Gerson Camarotti
Fonte: O Globo, 06/01/2006, O País, p. 8

Pressão maior pela decisão parte de ministros e integrantes do segundo escalão que precisam deixar seus cargos

BRASÍLIA e SALVADOR. Embora afirme sempre que não tem pressa para decidir se é ou não candidato à reeleição, porque seu prazo formal se estende até junho, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pressionado pelo PT e por partidos aliados, deverá anunciar sua decisão em fins de fevereiro ou início de março. A pressão maior parte justamente dos outros candidatos do governo: ministros e integrantes do segundo escalão que precisam deixar os cargos até o fim de março. Antes, porém, de anunciar sua decisão, Lula quer fazer nova rodada de reuniões com partidos aliados para consolidar apoios à reeleição.

É diante do calendário eleitoral, explica o ministro de Relações Institucionais, Jaques Wagner, que a decisão de Lula deve ser tomada.

- O presidente tem como limite de decisão o mês de junho. Mas as pessoas do governo precisam da definição até março, para que possam deixar os seus cargos. Por isso, esse é o tempo razoável - disse Wagner.

Na Bahia, onde Lula desembarcou para quatro dias de descanso com a família na Base Naval de Aratu, Wagner havia estabelecido como limite para a decisão o mês de fevereiro.

- Acho que ele (Lula) será o nosso candidato. Quando me perguntam não posso dizer porque ele não me autorizou a falar. Creio que no fim de fevereiro ele deve fazer o anúncio da candidatura - disse o ministro.

Primeiros partidos a serem procurados são PSB e PCdoB

Lula determinou que Wagner marque ainda em janeiro, ou início de fevereiro, encontros com os partidos da base. Os primeiros deverão ser PSB e PCdoB, seus tradicionais aliados e com maiores chances de fazer uma coligação em torno de Lula, independentemente de ser aplicada ou não a regra da verticalização - que obriga os partidos a repetir nos estados a coligação feita em nível nacional. No encontro que teve com o PT, em dezembro, Lula avisou que para ser candidato precisa de uma sólida base de apoio.

- Será uma conversa sobre o ambiente eleitoral. O presidente Lula vai conversar com todos os partidos, começando pelos da base - disse Wagner.

O ministro admitiu que a indefinição sobre a aplicação ou não da verticalização pode complicar as negociações com os partidos, pois alguns aliados devem evitar a coligação formal. No Planalto, já é dado como certo o afastamento do PMDB. Há dificuldade ainda numa aliança com o PP, PTB e até com o PL, que indicou o vice José Alencar na chapa de Lula em 2002.

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