Título: DULCI: IMPRENSA FUSTIGA E ÀS VEZES PASSA DO PONTO
Autor: Cristiane Jungblut/Luiza Damé
Fonte: O Globo, 06/01/2006, O País, p. 8

Ministro é mais um do governo Lula a tentar culpar jornalistas

BRASÍLIA. Ao comentar o relacionamento entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a imprensa, ontem, o ministro da Secretaria Geral da Presidência, Luiz Dulci, disse que o papel da imprensa é fustigar, mas acrescentou que às vezes "passa do ponto". Concordou, porém, que isso faz parte do processo. Dulci disse ainda que a mudança de comportamento do presidente - que concedeu entrevistas a rádios e à TV Globo - não aconteceu devido à proximidade da campanha eleitoral de 2006, mas foi aconselhado a falar mais com a imprensa. Segundo ele, os jornalistas "passaram a fazer perguntas mais substantivas."

Apesar de o presidente criticar em seus discursos a atuação da imprensa em relação ao governo, o ministro disse que houve um avanço no relacionamento entre Lula e os jornalistas. Dulci falou sobre o assunto durante entrevista a emissoras de rádio do sistema Radiobrás e ao responder a uma pergunta sobre o fato de o presidente Lula estar se mostrando mais acessível à imprensa.

- Diria que foi um avanço, mas não foi por razões eleitorais e muito menos por causa daquela entrevista em Paris. É porque se chegou a um entendimento melhor, os jornalistas que cobrem o Palácio do Planalto também passaram, com relação ao presidente, a perguntar questões mais substantivas de ação de governo - afirmou Dulci. - Nós que estamos ao lado do presidente sempre nos empenhamos para que ele falasse ao máximo com a imprensa. Mesmo sabendo que a imprensa cumpre seu papel e fustiga e, às vezes, até passa do ponto em alguns casos, mas esse é o papel da imprensa.

Lula quer mais divulgação das ações do governo

Dulci disse que Lula sempre tratou com cortesia e respeito a todos os jornalistas. Mas em seus discursos o presidente costuma reclamar que a mídia não retrata com a devida importância as ações do governo. Em outro episódio, durante encontro no Itamaraty com uma autoridade estrangeira, Lula se mostrou contrariado com a insistência dos jornalistas em chamá-lo em voz alta e fazer perguntas sobre a crise:

- O presidente sempre tratou com muita cortesia os jornalistas em geral.

Dulci ainda defendeu os cursos de informática e usou como exemplo dessa evolução nas profissões a antiga profissão do presidente Lula: a de torneiro mecânico.

- Hoje, para ser um torneiro mecânico em uma oficina precisa saber informática. Então, até para realizar um trabalho que antigamente era puramente braçal, hoje precisa saber usar o computador.