Título: CVM suspende saques em fundos do Santos
Autor: Patricia Eloy, Ricardo Galhardo e Vladimir Goitia
Fonte: O Globo, 17/11/2004, Economia, p. 27

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) congelou por até 30 dias as movimentações nos fundos do Banco Santos, que está sob intervenção do Banco Central (BC) desde sexta-feira por problemas de liquidez. A suspensão dos resgates e aplicações nos fundos atendem a um pedido do interventor do BC, Vânio Aguiar. Segundo a CVM, são 83 fundos com patrimônio total de cerca de R$ 3 bilhões.

Carlos Sussekind, superintendente de Relações com Investidores da CVM, afirma que, devido a rumores sobre a situação financeira do banco, a autarquia já havia feito uma fiscalização na instituição há dois meses, mas ainda aguarda o relatório da perícia. Sussekind disse que pode haver irregularidades na cotação dos ativos que integram a carteira dos fundos:

¿ A decisão evita que eventuais saques possam prejudicar outros investidores.

Em 15 dias, o BC deverá passar um relatório da intervenção à CVM. Ricardo Tepedino, um dos advogados do Banco Santos, disse que os fundos administrados pelo banco deverão ser transferidos para outras instituições.

Ontem, o Partido dos Trabalhadores divulgou nota na qual confirma que possui conta no Banco Santos, mas nega que o saldo seja de R$ 500 mil.

¿A conta corrente em nome do PT no Banco Santos destinava-se somente à arrecadação para a aquisição da sede do partido, cuja campanha foi suspensa. O valor de R$ 500 mil, publicado por alguns jornais na data de hoje (ontem), não corresponde à verdade. As informações sobre a conta corrente serão publicadas, dentro do que rege a legislação, na prestação de contas apresentada anualmente ao Tribunal Superior Eleitoral¿, diz o texto.

Segundo dirigentes do partido, a conta do Banco Santos, indisponível desde a intervenção, recebia apenas as doações feitas pelos mais de 600 mil filiados do partido que receberam carnês de contribuição. O valor, de acordo com petistas, não chegaria a R$ 100 mil.

O advogado Ricardo Tepedino, afirmou ontem que o controlador do Banco Santos, Edemar Cid Ferreira, avalia que, a curto prazo, a melhor saída para a instituição é a venda, que ainda não começou a ser negociada. O advogado não quis revelar possíveis interessados. Entre eles, comenta-se estariam o Bradesco e o Itaú.

¿ Se (o banco) não for vendido, a outra alternativa, esta de médio prazo, é torná-lo líquido e chegar a um equilíbrio patrimonial ¿ disse Tepedino.

Pelas contas do BC, seria preciso injetar R$ 700 milhões para o banco voltar a funcionar.