Título: APÓS RECORDES, RISCO SOBE E BOLSA CAI
Autor: Martha Beck/Patricia Eloy
Fonte: O Globo, 06/01/2006, Economia, p. 20

Dólar cai e fecha a R$ 2,287. Merrill Lynch recomenda investimento no Brasil

RIO e BRASÍLIA. Após dois dias consecutivos de recordes, o mercado brasileiro teve ontem um dia de correção nos preços dos ativos. O risco-Brasil - que caiu 10% nos últimos 30 dias - subiu 2,06%, para 297 pontos centesimais, e o título brasileiro mais negociado no mercado internacional, o Global 40, caiu 0,27%, cotado a 129,8% do valor de face. A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) - que subiu 5% em dois dias - caiu 0,19% ontem. O dólar fechou em queda pelo terceiro dia seguido, apesar de dois novos leilões do Banco Central (BC). A moeda americana caiu 0,17%, cotada a R$2,287. O BC negociou US$399,3 milhões no mercado futuro de câmbio e ainda comprou dólares à vista por até R$2,291.

O banco de investimentos americano Merrill Lynch está otimista em relação ao país e recomendou, em relatório enviado ontem a clientes, a aplicação em ações de empresas brasileiras. "O caminho do Brasil em direção ao grau de investimento (que, no mínimo, deve ser atingido em 2008) deve se transformar num potente catalisador de um desempenho acima da média no mercado latino-americano", diz o documento.

O grau de investimento é o mais elevado nível de classificação de risco concedido pelas agências internacionais, como Moody's e Fitch, e indica aplicações pouco arriscadas, o que atrai um maior número de investidores. No relatório, o Merrill Lynch avalia que, mesmo que o processo só ocorra em 2008, apenas a expectativa de que isso aconteça - aliada a uma queda dos juros - deve impulsionar o mercado acionário nos próximos anos.

O banco cita os exemplos do México e da Rússia, que foram elevados a grau de investimento recentemente. Nos países, as ações começaram a subir quatro anos antes da nota. O México acumulou ganhos, no período, de 94% em dólares e a Rússia, de 298% na mesma moeda.

Diretor-gerente do FMI visita o Brasil na próxima semana

O diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Rodrigo de Rato, estará no Brasil nos próximos dias 10 e 11 para "comemorar" o pagamento antecipado da dívida de US$15,5 bilhões do país com a instituição. Apesar de o governo já ter desembolsado os recursos no fim de dezembro, o presidente Lula quis convidar Rato a visitar o país para fazer propaganda da medida que ajudou a melhorar o perfil da dívida externa brasileira - é como se Rato viesse "pegar o cheque".

Os recursos foram divididos em dólares (59%), euros (25%), ienes (9%) e libras esterlinas (7%). O débito venceria em dezembro de 2007, mas, com a antecipação do pagamento, o governo economizou cerca de US$900 milhões em juros.

COLABOROU: Martha Beck

www.oglobo.com.br/economia