Título: INFLAÇÃO PELO IGP-DI É A MENOR EM SEIS DÉCADAS
Autor: Cássia Almeida
Fonte: O Globo, 06/01/2006, Economia, p. 21

Real forte fez índice variar só 1,22% em 2005, contra 12,14% em 2004. Telefonia deve subir menos este ano

A valorização de 14,15% do real e a queda de preços de matérias-primas industriais e agrícolas fizeram o Índice Geral de Preços Disponibilidade Interna (IGP-DI) chegar ao fim de 2005 acumulando alta de 1,22%, a menor taxa desde 1945, conforme divulgou ontem a Fundação Getulio Vargas (FGV).

Em 2004, esse mesmo índice subira 12,14%. O Índice de Preços por Atacado (IPA) - que responde por 60% da taxa geral e é fortemente influenciado pelas oscilações do dólar - ficou negativo em 2005. Houve queda média de preços de 0,97%, depois de alta de 14,67% no ano anterior. O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) também recuou: baixou de 6,27% em 2004 para 4,93% no ano passado.

- O câmbio foi realmente o fator mais relevante para explicar essa taxa tão baixa - disse Salomão Quadros, coordenador de Análises Econômicas da FGV.

Após eleições, passagem de ônibus subiu 14,2% em 2005

O economista acredita que esse resultado histórico não deve se repetir este ano. Para ele, será difícil acontecer novamente a situação excepcional de 2005 com deflações seguidas:

- Isso não quer dizer que haja qualquer tipo de ameaça de descontrole da inflação.

No ano em que registra a taxa mais baixa da História, o IGP-DI terá um peso menor no reajuste da telefonia. Segundo Quadros, o índice em 12 meses deve se manter próximo de 2% até maio. Naquele mês de 2005, o IGP-DI começou a registrar deflação (queda de preços) até setembro. E essas taxas negativas não devem se repetir em 2006.

Este ano, o reajuste do valor das ligações será feito por uma cesta de índice de preços - o Índice de Serviços de Telecomunicações (IST) - no qual o IGP-DI ainda terá influência, porém menor, juntamente com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que deve fechar 2005 em torno de 5,6% (a taxa será divulgada pelo IBGE no dia 12 de janeiro).

O serviço telefônico foi o sexto maior impacto para a alta do IPC, que responde por 30% do índice. A telefonia subiu 5,53% em 2005 contra 13,50% de 2004. Ainda nos preços ao consumidor, a maior pressão para alta de 4,93% foi o reajuste dos ônibus urbanos. Em 2004, ano eleitoral, os prefeitos preferiram represar os reajustes. Naquele ano, as tarifas subiram 3,25% contra 14,26% de 2005.

- Somente este item respondeu por 10% do IPC em 2005 - disse Quadros.

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inclui quadro: veja o comportamento dos preços