Título: Dimasduto¿?
Autor: Ilimar Franco
Fonte: O Globo, 07/01/2006, O GLOBO, p. 2

Integrantes da CPI dos Correios receberam, informalmente, cópias de um documento de cinco páginas sobre um esquema de arrecadação de recursos para as campanhas do PSDB em 2002. Esse documento, acompanhado de um laudo do perito Ricardo Molina, está em mãos da Polícia Federal, que investiga os dados ali contidos. O operador teria sido Dimas Toledo, ex-diretor de Furnas.

O documento, que teria sido elaborado, assinado e autenticado em cartório pelo próprio diretor de Furnas, mostra que ele, usando o poder de seu cargo, arrecadou recursos junto a colaboradores, fornecedores, prestadores de serviços, corretoras de valores, seguradoras e bancos que tinham relações com a estatal. Na página cinco, há uma lista dos principais doadores. Nas quatro páginas anteriores, as campanhas beneficiadas e os valores que elas teriam recebido nos dois turnos das eleições. O documento é datado de 30 de novembro de 2002, mas a assinatura de Dimas Toledo teria sido reconhecida em cartório apenas em setembro de 2005 ¿ depois, portanto, de sua demissão da empresa. Um dos personagens mais destacados da CPI disse que a comissão, que recebeu uma cópia, não está ainda investigando o documento, mas acha que pode ser consistente.

O perito Molina afirma em seu laudo que ¿...o documento questionado não apresenta indícios de manipulação fraudulenta (...) Uma verificação definitiva quanto à autenticidade, no entanto, dependeria da análise do documento original¿. A PF fez uma análise inicial e considerou o documento consistente. Procurado, Dimas Toledo não quis se pronunciar e seu advogado perguntou: ¿O que você tem?¿. Os dados disponíveis e o que se conhece da investigação na PF ainda não permitem precisar se os recursos arrecadados constam da contabilidade oficial ou se fazem parte de um caixa dois que levantou R$39,9 milhões.

As campanhas majoritárias do PSDB e aliados à Presidência da República, em São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro teriam sido abastecidas pelos recursos captados pelo então diretor de Furnas. Segundo o documento, o ¿dimasduto¿ ajudou a financiar campanhas de deputados tucanos, do PFL, do PMDB, do PTB, do PP, do PSC e do PL de vários estados. Estão nessa lista mais de uma centena de parlamentares eleitos, inclusive investigadores da CPI dos Correios e relatores de processos de cassação do Conselho de Ética da Câmara. Se as investigações da PF confirmarem os fatos descritos no documento, haverá ainda mais lenha na fogueira. E os conselhos de Ética da Câmara e do Senado vão ter muito trabalho.

O Itamaraty articula para que, durante o Fórum Econômico Mundial, em Davos, se realize uma mini-reunião de cúpula com os países ricos sobre o corte nos subsídios agrícolas.

O PSOL nas eleições presidenciais

O principal objetivo do PSOL nas eleições de outubro é conquistar 12% dos votos para a candidatura da senadora Heloísa Helena (AL) ao Palácio do Planalto. Os parlamentares que apostaram nesse projeto, mais à esquerda, acreditam que há espaço no mercado eleitoral para uma proposta alternativa à polarização PT x PSDB/PFL. O deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) diz que os dois principais projetos de poder para o país tem programas assemelhados e que os eleitores querem um verdadeiro governo de mudanças.

Mesmo que o partido não atinja os 5% dos votos à Câmara, como exige a cláusula de desempenho, seus dirigentes acreditam que Heloísa poderá chegar aos 12%. Argumentam que hoje, sem campanha e sem partido organizado, ela já figura nas pesquisas de intenções de voto com até 7%. Uma das dificuldades que o partido terá de superar é o do pouco tempo de propaganda eleitoral gratuita no rádio e na televisão. Por isso, quando o programa de governo ficar pronto, em abril, o PDT será procurado para uma aliança.

Pouco caso

O surpreendente desempenho do ex-governador Orestes Quércia nas pesquisas de intenções de voto para o governo de São Paulo não preocupa os tucanos. Eles dizem que a performance é resultado de sua exposição nos programas de propaganda partidária regional nos últimos três anos, mas tem consistência. Lembram que em 2002, na disputa pelo Senado, Quércia largou com 32% e chegou com apenas 16%.

O PRIMEIRO- secretário da Câmara, deputado Inocêncio Oliveira (PL-PE), deve ser o relator dos projetos que reduzem a recesso parlamentar e que acabam com o pagamento de duas ajudas de custo na convocação extraordinária.

E-mail para esta coluna: ilimar@bsb.oglobo.com.br

Largada

A disputa pelo governo da Bahia será deflagrada na próxima quinta-feira na lavagem da Igreja do Bonfim. A festa religiosa tradicionalmente é utilizada para manifestações de caráter político. O governador Paulo Souto e o ministro das Relações Institucionais, Jaques Wagner, marcarão presença com seus blocos. A camiseta do bloco petista não deixa dúvidas. Ela vai estampar: ¿Lula presidente. Wagner governador¿.