Título: Delúbio enfim é demitido do emprego de professor, já que não dava aulas
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Fonte: O Globo, 07/01/2006, O País, p. 4

Ex-tesoureiro do PT, que mora em SP, vai recorrer da decisão de Goiás

GOIÂNIA. O ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, que operou juntamente com o empresário Marcos Valério o esquema do mensalão, vai finalmente perder o emprego de professor em Goiânia, já que mora em São Paulo e não dava aulas há muito tempo. A Procuradoria Geral de Goiás encaminhou ontem ao Gabinete Civil do governo estadual o decreto de demissão de Delúbio por abandono de emprego.

A partir da publicação do decreto no Diário Oficial, prevista para terça-feira, o ex-homem forte das finanças do PT vai perder o cargo de professor de matemática que conquistou por concurso público em 1977. Delúbio foi expulso do PT, mas somente depois de muita pressão da opinião pública. E agora seu advogado, Sebastião Ferreira Leite, disse que vai recorrer da decisão para mantê-lo como professor.

¿- É a quinta vez que Delúbio é demitido e vamos devolvê-lo ao cargo como ocorreu nas quatro vezes anteriores ¿- disse o advogado.

Delúbio estava à disposição de sindicato em Goiás

O procurador-geral, Antônio Guido Pratti, disse que o parecer recomendando a demissão foi baseado no fato de Delúbio ter abandonado o cargo de professor da Secretaria estadual de Educação a partir de 2 de fevereiro de 2005, quando expirou o prazo em que o ex-tesoureiro do PT estaria cedido ao Sindicato dos Trabalhadores em Educação no Estado de Goiás (Sintego).

Em abril, decorridos cerca de cem dias de ausência da sala de aula, a secretária de Educação, Eliana França, determinou que fosse aberto processo administrativo-disciplinar contra o servidor, que faltou ao serviço por mais de 30 dias consecutivos sem se justificar.

A demissão nesse caso está prevista no estatuto do magistério estadual. O procurador afirmou que Delúbio já havia devolvido ao tesouro estadual R$4 mil referentes aos cem dias em que se ausentou, mas isso não abonou suas faltas. Segundo o procurador, foi assegurada ampla defesa ao servidor.

¿ Foram ouvidas testemunhas de Delúbio e seu advogado foi intimado regularmente, como manda o procedimento legal ¿- afirmou o procurador.

O advogado de Delúbio disse que seu cliente disse se tratar de uma ¿demissão política com objetivo de desmoralizá-lo¿. Ferreira afirmou que ainda não traçou uma linha de defesa, pois não teve acesso ao parecer que determinou a demissão de seu cliente.

Autorização de disposição do serviço não foi renovada

Em 1987, após dez anos de magistério, Delúbio foi eleito para a direção nacional da Central Única dos Trabalhadores (CUT), onde ficou até 1994. Então, passou a integrar o conselho do Fundo de Amparo ao Trabalhador, à disposição do Sintego, até 2001. A autorização de disposição do serviço deixou de ser renovada em 2005, o que acabou resultando em abandono de emprego, uma vez que Delúbio não reassumiu o cargo.

Delúbio tinha manifestado desejo de voltar a dar aulas no Lyceu de Goiânia, o mais tradicional colégio público da capital. Seu pedido foi indeferido pelo procurador-geral, que vinculou o retorno à conclusão do processo administrativo-disciplinar aberto pela Secretaria da Educação. Como o desfecho foi desfavorável ao ex-tesoureiro do PT, sua volta à sala de aula vai depender de uma decisão judicial que não tem data para sair.