Título: INCERTEZA É PRINCIPAL PREOCUPAÇÃO DOS EUA
Autor: José Meirelles Passos
Fonte: O Globo, 07/01/2006, O Mundo, p. 27

Secretária de Estado cancela viagem de seis dias a Indonésia e Austrália que começaria hoje

WASHINGTON. Há dois níveis de preocupação no governo dos Estados Unidos em relação ao derrame sofrido pelo primeiro-ministro de Israel, Ariel Sharon. A principal delas diz respeito às incertezas em relação à política a ser implementada pelo sucessor dele.

A outra tem a ver com uma decisão que, tudo indica, teria de ser tomada em breve: a de uma eventual viagem do presidente George W. Bush para assistir ao funeral de Sharon. Ela seria tanto um problema de segurança quanto político, pois aconteceria na época das eleições palestinas.

Consultas e reuniões em clima de ansiedade e apreensão vêm sendo realizadas no Departamento de Estado e na Casa Branca, segundo funcionários do governo. A situação é tão delicada que a secretária de Estado, Condoleezza Rice, cancelou ontem a viagem de seis dias que faria, a partir de hoje, à Indonésia e à Austrália.

¿ Ela decidiu fazer isso por causa da situação no Oriente Médio. Foi uma decisão correta, a de permanecer em Washington ¿ disse Sean McCormack, porta-voz do Departamento de Estado.

Condoleezza telefonou ontem ao primeiro-ministro interino, Ehud Olmert, para ¿expressar a preocupação do governo americano¿, segundo McCormack, com o estado de saúde de Sharon.

¿ A doença dele é um grande obstáculo para o governo americano. A política que Sharon vinha aplicando não era apenas de Israel, mas também dos Estados Unidos ¿ disse Aaron David Miller, acadêmico do Woodrow Wilson International Center, em Washington.

Casa Branca critica comentário de pastor

Por sua vez, Phyllis Bennis, do Institute for Policy Studies, também na capital americana, comentou que a saída de Sharon da cena política terá consequências perigosas:

¿ Isso muito provavelmente resultará num completo estancamento da ação diplomático no conflito israelense-palestino ¿ disse ela.

A Casa Branca reagiu com irritação ao comentário feito pelo prestigiado pastor evangélico Pat Robertson em seu programa de televisão, na noite de quinta-feira. Ele sugeriu que o derrame de Sharon foi ¿uma punição divina por estar dividindo o território de Deus¿. Trent Duffy, porta-voz do governo, rebateu:

¿ Esse comentário é totalmente inapropriado e ofensivo, e não tem lugar neste ou em qualquer outro debate ¿ afirmou.