Título: DIRETO DA PRISÃO, ENFEITES COM DESIGN
Autor: Eliane Oliveira e Monica Tavares
Fonte: O Globo, 08/01/2006, Economia, p. 28
Empresa de Brasília cresce oferecendo oportunidades a presidiárias
BRASÍLIA. De mãos que cometeram vários tipos de delito saem hoje jóias com design sofisticado, combinando pedras preciosas e elementos da natureza ¿ como sementes de árvores típicas do cerrado ¿ que estão conquistando o Brasil e o mundo. A história começou há três anos, quando, aos 42 anos e desempregada, Silvana Rodrigues se ofereceu como voluntária para dar um curso no presídio de Brasília. O sucesso foi tamanho que ela montou a empresa Arte Brasil Bijuterias e Acessórios, que vem crescendo a cada dia.
Grata pelo trabalho das presas (85% de sua produção vêm da penitenciária), Silvana contratou uma ex-detenta, Ana Maria Garcia, para ser sua gerente de produção. Presa por tráfico de drogas e condenada a quatro anos de detenção, Ana Maria conseguiu reduzir a pena para dois anos e meio e hoje tem uma profissão.
¿ Se todo empresário fizesse um trabalho semelhante, ninguém voltaria à criminalidade ¿ diz Ana Maria.
¿ Elas ganham a liberdade e um emprego. Algumas já trabalham comigo. Lá no presídio, o trabalho também permite a redução da pena ¿ conta a empresária Suzana Rodrigues, que já capacitou 250 mulheres e garante remunerar as detentas em valores de mercado.
Jóias, associadas a glamour, já são usadas no dia-a-dia
Os consumidores gastaram cerca de R$4,142 milhões com a compra de jóias entre agosto de 2003 e setembro de 2004. O brasileiro, de modo geral, associa a imagem da jóia a poder, luxo, status e glamour, mas agora já começa a comprar os produtos para usar no dia-a-dia. Isso acontece com 22% do total. Cerca de 37% usam jóias somente em ocasiões especiais.
Essa constatação é fruto de uma pesquisa realizada em conjunto pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), pelo Instituto Brasileiro de Gemas e Metais Preciosos e pelo Sindicato das Indústrias de Joalheria, Bijuteria e Lapidação de Gemas de São Paulo. Foram entrevistados 800 consumidores de jóias em todo o território nacional.
Há, no entanto, quem acredite que a relação entre jóias, status e poder vem caindo. É o caso da empresária Ivânia Batista Pinto, dona de uma joalheria em Brasília. Segundo ela, as freguesas vão a seu estabelecimento para buscar, geralmente, jóias que podem usar no dia-dia.
¿ São brincos leves, porém vistosos. Os cristais estão em alta, também ¿ diz Ivânia.
Pelo levantamento, a preferência dos jovens entre 18 e 24 anos é pela jóia de ouro branco fosco. As pessoas mais velhas preferem o ouro amarelo. Cerca de 62% usam diariamente uma jóia e 66% preferem as de ouro amarelo polido. (Eliane Oliveira)