Título: INDÚSTRIA DE JÓIAS ANTEVÊ UM FUTURO BRILHANTE
Autor: Eliane Oliveira e Monica Tavares
Fonte: O Globo, 08/01/2006, Economia, p. 28

Setor espera crescimento de pelo menos 40% até 2007, com mais exportações e expansão do mercado interno

BRASÍLIA. Responsável pela geração de 350 mil empregos diretos e com um faturamento de US$1,97 bilhão em 2004, o setor de gemas e jóias decidiu brigar por mais espaço nos mercados doméstico e internacional e traçou, com o governo, um ambicioso plano de expansão para o período 2005-2007. Os objetivos são aumentar em 50% as exportações e em 40% o faturamento total.

¿ O mais importante é incorporarmos a criatividade brasileira, de modo a criarmos um diferencial e agregarmos valor ao produto. Isso nos dá uma boa perspectiva no sentido de ocuparmos um espaço maior no mercado mundial ¿ afirma o secretário de Desenvolvimento da Produção do Ministério do Desenvolvimento, Antonio Sérgio Mello.

A expectativa da cadeia produtiva é que até 2007 as vendas externas cheguem a pelo menos US$1 bilhão, contra US$677 milhões exportados em 2004. Em 2005, o crescimento nas vendas de jóias no mercado interno deverá chegar a 5%, sobre 2004. Com o aumento, o setor terá encerrado o ano com um movimento de R$4,4 bilhões.

Internacionalmente conhecido pela diversidade de pedras preciosas em seu solo, o Brasil é responsável pela produção de um terço das gemas feitas no mundo ¿ à exceção de diamante, rubi e safira. Também é um importante produtor de ouro, com 42 toneladas em 2004, o que lhe rendeu o 13º lugar no ranking mundial.

Em sua maioria, a produção de pedras preciosas é realizada por garimpeiros e pequenas empresas de mineração em quase todos os estados do país. Em meio a esse cenário, o setor tem como característica marcante a informalidade, superior a 50% do mercado. E o principal problema é o descaminho (espécie de contrabando), pelo fato de as pedras serem pequenas e de alto valor, o que torna a fiscalização difícil e onerosa.

Apesar dos problemas, a indústria joalheira ganhou força nos últimos dez anos. Com isso, o setor passou a enfrentar, em igualdade de condições, os produtos importados e contrabandeados. O crescimento da demanda foi proporcionado, principalmente, pelo Plano Real. E, não menos importante, contribuiu para a expansão da cadeia produtiva a exploração do potencial exportador brasileiro, tendo como ponto forte a produção de jóias de maior valor agregado.

Segundo técnicos do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Estados Unidos, Alemanha, Taiwan, Hong Kong, China, Tailândia, Índia, Itália e França estão entre os principais clientes das pedras brasileiras. ¿O potencial do mercado externo para pedras de cor é favorável, tendo em vista a recuperação do mercado internacional nos últimos dois anos. Para folheados e bijuterias, o nicho que se apresenta mais promissor é o de design, com pedras naturais, cuja demanda vem crescendo¿, diz um trecho de um levantamento realizado pelo MDIC em conjunto com representantes do setor.

¿Já o potencial de crescimento da indústria joalheira de ouro é enorme. Apesar dos progressos obtidos, o Brasil representa menos de 1% da produção mundial e pouco mais de 1% das exportações mundiais de jóias¿, continua o estudo.

O setor de joalheria foi o principal mercado consumidor mundial de ouro em 2004, segundo o World Gold Council, absorvendo 78,3% da oferta global, seguido por demanda para fins industriais (9,9%), investimentos financeiros, moedas e barras (9,7%) e fins odontológicos (2,1%). Os dados constam de relatório do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), órgão vinculado ao Ministério de Minas e Energia.

Os indicadores do DNPM mostram que cerca de 40% das reservas globais de ouro encontram-se na África do Sul, concentradas a Oeste de Johannesburgo. No Brasil, as reservas de ouro representam 1,6% do total mundial, avaliadas em aproximadamente 1.430 toneladas, distribuídas pelos estados de Pará (43,6%), Minas Gerais (37,6%), Goiás (8,1%), Bahia (4,5%), Mato Grosso (3,6%) e outros (2,6%).

Outro minério importante para o setor joalheiro é a prata, que, segundo o DNPM, tem a maior parte de suas reservas ¿ cerca de dois terços ¿ associada a minério de ouro, cobre, chumbo e zinco. As reservas mundiais de prata atingiram, em 2004, um total de 569.000 de toneladas, apresentando uma queda de 0,2% sobre o volume de 2003. Deste total de reservas mundiais de prata, quase 60% pertencem a três países: Polônia (24,6%), China (21,1 %) e EUA (14,1%). As reservas brasileiras de minério contendo prata somaram 3.273 toneladas, 33,4% mais que as reservas do ano anterior. O estado do Pará registrou 94,5% do total dessas reservas.

Os setores responsáveis pelo consumo da prata foram principalmente indústrias fotográficas e radiográfica, de produtos de uso odontológico, de joalheria, de peças decorativas, eletroeletrônica, de galvanoplastia, de soldas e química e de espelhações de vidro.