Título: Mais eficiência
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Fonte: O Globo, 09/01/2006, Opinião, p. 6

Ogrande aumento da carga tributária no Brasil nos últimos dez anos fez com que a opinião pública hoje desconfie de qualquer iniciativa relacionada a impostos, mesmo quando se propõe, em tese, a beneficiar o contribuinte. As autoridades governamentais contribuíram para alimentar essa desconfiança ao sempre vincularem medidas compensatórias às que pudessem causar eventuais perdas de arrecadação, no estilo dando com uma mão e tirando com a outra.

Como um dos maiores desafios da política econômica tem sido o equilíbrio das finanças públicas, é compreensível que as autoridades responsáveis pela receita tenham agido dessa forma, já que do lado dos gastos não houve igual empenho para contê-los.

No entanto, a carga tributária já chegou ao ponto de matar a galinha dos ovos de ouro, o contribuinte, e algumas medidas de desoneração foram adotadas, ainda que não na intensidade que a economia precisa para multiplicar investimentos.

Assim, em vez de se prosseguir na linha suicida da elevação de impostos e contribuições (ou do contingenciamento de receitas criadas com finalidades específicas), as autoridades passaram a se preocupar mais com a eficiência do sistema, seja em relação aos critérios e conceitos da tributação, seja em relação ao próprio funcionamento da máquina.

O aperfeiçoamento dos mecanismos de arrecadação deve ser visto como salutar, especialmente por aqueles que se esforçam para manter suas obrigações tributárias em dia e sobre os quais recaem diferentes órgãos fiscalizadores, muitas vezes com visões ou interpretações conflitantes. O bom pagador de impostos deve cumprir uma lista de exigências que pode ser infinita.

Então a unificação desses órgãos de arrecadação de tributos e contribuições previdenciárias, como o governo tenta com a criação da Super-Receita ¿ ainda na dependência do Congresso ¿ ou uma ação coordenada que na prática leve ao aperfeiçoamento da máquina arrecadadora, é um caminho válido.