Título: ALCKMIN EM CAMPO
Autor: Ilimar Franco
Fonte: O Globo, 10/01/2006, O País, p. 2

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, decidiu desafiar o favoritismo do prefeito de São Paulo, José Serra. Nos próximos dois meses, ele intensificará as viagens pelo país para se tornar mais conhecido dos eleitores. Seu objetivo é crescer nas pesquisas de intenções de voto, retirando da candidatura Serra a condição de ser a única capaz de derrotar o presidente Lula.

Ao anunciar que deixará o governo paulista antes de 2 de abril para disputar a Presidência da República, Alckmin reiterou sua disposição pessoal de ser candidato. O governador entrou no jogo para valer, segundo um dos fundadores do partido. Mas sua posição não é irreversível, pois, se fosse, ele se desincompatibilizaria imediatamente. Foi assim, sem ter a certeza de que venceria as eleições presidenciais, que o governador de Minas, Tancredo Neves, renunciou em 1984 e foi derrotar o candidato do regime militar, Paulo Maluf, no Colégio Eleitoral.

Os aliados da Alckmin determinaram sua ação a partir de uma avaliação de que o presidente Lula continuará caindo nas pesquisas. E Alckmin, ao apostar numa maior visibilidade, pretende se aproximar do desempenho de Serra nas pesquisas de intenções de voto. Se atingir seu objetivo, poderá dizer que não é apenas com Serra que o PSDB ganha as eleições. E nesse caso, seus aliados dizem que ele passaria a ser o candidato natural, porque está concluindo seu mandato. Ao contrário de Serra, que teria de pagar o custo político de abandonar a prefeitura de São Paulo no meio da gestão, depois de ter feito a promessa aos eleitores de que cumpriria seu mandato até o fim. Nessa circunstância, a insistência de Serra soaria como uma tentativa de forçar a barra em função de um projeto pessoal e que poderia comprometer a unidade tucana.

Ao mesmo tempo em que o PSDB comemora as candidaturas de Serra e Alckmin, seus principais dirigentes e líderes também se preocupam com o desfecho da disputa. Alguns tucanos consideram necessário fazer um esforço para que esse embate não se transforme no estopim de um desacerto interno que leve à divisão e a ressentimentos que poderiam comprometer o desempenho eleitoral do candidato do partido.

- É muito importante que o PSDB tenha candidatos dispostos a disputar as eleições presidenciais, mas mais importante do que isso é ter homens públicos com disposição de ceder - afirma o governador de Minas, Aécio Neves.

O presidente Lula não vai pressionar o PT para rever sua posição sobre a emenda da verticalização. Para Lula, não é a mudança desta lei que vai decidir as eleições presidenciais.

Otimismo no Palácio do Planalto

Um dos ministros mais próximos do presidente Lula diz que não está nem um pouco impressionado com o desempenho dos tucanos nas pesquisas de intenções de voto. Ele afirma que, apesar do desgaste da crise política, o presidente Lula disputará a campanha da reeleição contra ele mesmo. Esse ministro explica que o Lula da esperança e das expectativas que gerou, nas eleições de 2002, enfrentará nas urnas o Lula das realizações. Por isso, a ordem no governo é a de não restringir o debate eleitoral à crise política.

A intenção dos estrategistas palacianos é aproveitar o período que vai de agora até agosto, quando começa o horário de propaganda eleitoral gratuita, para mostrar à população o que o governo Lula fez nos quatro anos de gestão. Estão mobilizados para esta tarefa todos os ministros. Os principais assessores do presidente Lula não subestimam a crise política, e o peso da questão ética, mas dizem que se a economia continuar crescendo e o país estiver bem, a oposição não conseguirá impedir a reeleição de Lula.

Candidato

O secretário de Direitos Humanos, Nilmário Miranda, informou ao presidente Lula que deixará o governo em março para disputar o governo de Minas Gerais. O ministro do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias, disse que fica. Já o prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel, que sonha com o Palácio do Liberdade em 2010, quer o PT apoiando a candidatura do ministro das Comunicações, Hélio Costa (PMDB).

Na luta

O ex-ministro da Educação Tarso Genro está preocupado com os ataques que vem recebendo desde que entrou numa lista de nomes para ocupar uma das três vagas que serão abertas no Supremo Tribunal Federal. Para enfrentar os críticos, atualizou sua página na internet (www.tarsogenro.com.br) para mostrar que tem uma obra jurídica, com livros e artigos publicados sobre direito do trabalho e filosofia do direito.

A ASSESSORIA da deputada Denise Frossard (PPS-RJ) informa que ela desistiu de fazer a doação de metade dos subsídios que recebeu pela convocação extraordinária para a ONG Transparência Brasil. A doação foi feita para o Disque Denúncia. Quanto à segunda parcela do subsídio, a deputada informa que o dinheiro ficará à disposição do Tesouro Nacional.

O PRESIDENTE Lula explicou a um grupo de aliados por que não formaliza que é candidato: "Por que fazer isso agora se a legislação me dá um prazo? Não há vantagem alguma para o país e para o governo em antecipar a candidatura".

E-mail para esta coluna: ilimarbsb.oglobo.com.br