Título: EM MINAS, COMEÇO DEBAIXO DE CRÍTICAS
Autor: Demétrio Weber
Fonte: O Globo, 10/01/2006, O País, p. 3

Secretário diz que trabalho se perderá em pouco tempo

BELO HORIZONTE, CURITIBA E FORTALEZA. Em Minas, a operação tapa-buracos começou ontem enfrentando críticas do secretário de Transportes do estado, Agostinho Patrus, presidente do Fórum dos Secretários de Transportes. Ele disse que dos 11 mil quilômetros de rodovias em Minas, pelo menos sete mil estão em situação precária e necessitam de recuperação total, ou as obras terão que ser refeitas em pouco tempo devido ao estado de abandono das estradas.

- Temos 11 mil quilômetros de estradas federais. Sete mil precisam de recuperação profunda, quase será preciso refazê-los. Sugerimos que, em vez de o governo federal fazer a recuperação de 26 mil quilômetros em todo o país com R$440 milhões de reais, faça a recuperação de quatro mil quilômetros recuperando efetivamente essas rodovias - disse Patrus.

Para ele, os R$63 milhões destinados a tapar buracos no estado são insuficientes e chegam em momento inadequado, já que o período chuvoso não é o ideal para a realização das obras. Patrus disse acreditar que o trabalho poderá se perder em poucos meses.

As obras em Minas são realizadas na BRs-040, 050, 365, 135, 116, 267 e 262. Nesta última, os motoristas enfrentam 80 quilômetros de terra, buracos e muitos problemas. Até pouco tempo os motoristas trafegavam pelo acostamento, mas agora, nem isso. Os que se arriscam a atravessar o trecho gastam pelo menos três horas.

No Paraná, o supervisor de restauração do DNIT, Omir Mello Ferreira, disse que dois trechos estão em estado tão precário que não adiantará a operação tapa-buracos. O problema é grave na BR-163, entre Marechal Cândido Rondon e Guaíra, e na BR-272, entre Francisco Alves e Guaíra.

- Não vai adiantar apenas realizar a operação tapa-buracos nesses trechos. Como são as estradas mais prejudicadas, vai ser necessário fazer a reconstrução da rodovia, bem como da ponte sobre o Rio Piquiri - disse Ferreira.

No Ceará, a operação está longe de atender à necessidade de recuperação da malha viária federal, cuja extensão no estado é de 2.780 quilômetros. Segundo relatório divulgado esta semana pelo governo estadual relativo ao ano de 2004, 34,2% das rodovias federais no estado estão em má situação de trafegabilidade, 36,6% em condição regular e apenas 29,2% em boas condições.