Título: Custo fiscal
Autor: Flávia Oliveira/Débora Thomé
Fonte: O Globo, 10/01/2006, Economia, p. 20

Se estivesse livre das restrições que o ajuste fiscal impõe às estatais, a Eletrobrás teria condições de adicionar R$1,8 bilhão a seu plano de investimentos, de R$5 bilhões, neste 2006. O dinheiro seria suficiente para, por exemplo, construir uma usina e meia do porte da Peixe Angical, parceria com a Energias do Brasil, em construção em Tocantins, com capacidade de geração de 452 MW. Por isso, a companhia não desiste de convencer a Fazenda de ter seus investimentos fora do superávit primário.

O presidente da Eletrobrás, Aloisio Vasconcelos, diz que "está trabalhando e argumentando educadamente" com o governo pela iniciativa que vai dar à estatal o que chama de "massa empresarial". Um volume maior de investimentos, completa, é uma necessidade para a companhia implementar seus planos de expansão dentro e fora do Brasil:

- Somos uma empresa pública e obedecemos às regras, é óbvio. Este ano, temos um orçamento de R$5 bilhões. É uma quantia suficiente? Sim, é. Mas poderíamos desenvolver uma quantidade maior de projetos se pudéssemos gastar mais.

O ex-engenheiro da Cemig e ex-deputado federal assumiu a Eletrobrás em agosto de 2005 e, no momento, comanda a fase final de elaboração do plano estratégico para 2006-2010. Até o carnaval, anuncia, o trabalho estará concluído. Mas até o fim do ano, Vasconcelos espera cumprir um cronograma que inclui, além do debate técnico acerca do superávit, o lançamento de ADRs nível 2 na Bolsa de Nova York e o leilão de quatro novas usinas, emperradas por restrições ambientais.

- Até maio, esperamos ter essas questões resolvidas para leiloar Barra do Pomba e Cambuci (ambas no Rio), Dardanelo (MT) e Mauá (PR) - planeja.

O segundo semestre será dedicado à inserção internacional da companhia na África, Ásia e América do Sul. Em setembro, a Eletrobrás inaugura sua "universidade", um centro de qualificação para os funcionários de nível superior (com MBAs) e técnico.

Vasconcelos espera também a decisão do governo sobre a construção da usina nuclear Angra 3. Pessoalmente, não esconde os argumentos a favor do projeto:

- Como presidente da Eletrobrás, minha posição será a do governo. Como engenheiro, vejo fatores importantes que devem ser avaliados, como a potência de 1.400MW, a localização próxima a uma área de infra-estrutura adequada e o preço competitivo da energia.

O reajuste das mensalidades escolares começou a doer no bolso das famílias. No IPC-S da primeira semana de janeiro, cursos formais subiram 0,64%. No índice anterior, variaram zero.

Mais dólares chegando

São mesmo as exportações, não o apetite dos investidores pelos altíssimos juros brasileiros, que estão derrubando o dólar no país, como aconteceu mais uma vez ontem. O argumento está em relatório do Mellon Global Investments, no qual a economista-chefe, Solange Sour, compara os resultados das contas externas de economias emergentes.

Nenhum país, diz ela, teve melhor desempenho na conta corrente e na balança comercial que o Brasil. Foi o que fez, segundo a economista, o dólar se desvalorizar aqui mais do que em qualquer outro mercado. Somado, todo o chamado capital volátil destinado ao Brasil em 2005 não chega perto dos quase US$45 bilhões de saldo comercial, completa.

- As exportações dos outros países cresceram muito, mas as importações também; aqui foi diferente - comenta ela.

Para 2006, a perspectiva é de novo resultado expressivo: US$40 bilhões de superávit. A ajuda virá, em grande parte, da alta dos preços dos itens exportados, como sugere o gráfico abaixo. Em 2005, um acompanhamento regular dos preços dos produtos, que, juntos, representam metade da pauta, mostrou que 11% do crescimento das exportações foram conseqüência de elevação nos preços e 12%, de aumento de quantidade vendida.

África nos bancos escolares

A UFF é a primeira universidade federal do Brasil a receber recursos do Ministério da Educação para implementar a Lei 10.639. A lei determina a inclusão nos currículos dos ensinos fundamental e médio da História da África, dos negros e das culturas afro-brasileira e africana. A universidade criou o Programa de Educação Sobre o Negro na Sociedade Brasileira (Penesb) que já formou 40 professores do ensino médio no curso de extensão "Educação e População Negra". Em 2006, outros 250 docentes participarão do programa.