Título: WAGNER LANÇA OBRA COM CASSÁVEL
Autor: Demétrio Weber
Fonte: O Globo, 11/01/2006, O País, p. 3

Ministros passam longe de protesto de caminhoneiros na Bahia

SALVADOR. Em campanha declarada para governador da Bahia pelo PT, o ministro de Relações Institucionais, Jaques Wagner, visitou ontem dois trechos das BRs 116 e 324, onde está sendo realizada a operação tapa-buracos. Ele acompanhou o ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento. No clima eleitoral que marca as obras, os dois ministros foram acompanhados na solenidade de liberação do dinheiro, na Companhia Docas da Bahia (Codeba), pelo deputado Josias Gomes (PT), um dos 11 deputados na lista de cassação do Conselho de Ética por receber R$100 mil do valerioduto.

Na visita às obras, os dois ministros passaram longe de um trecho da BR-324, entre Feira de Santana e Riachão do Jacuípe, onde caminhoneiros protestavam contra a má conservação da estrada. O objetivo do protesto era mostrar ao governo que a situação é muito mais grave naquele trecho, que não será atendido pela operação tapa-buracos. Somente ano passado foram registrados mais de 300 acidentes na rodovia, 80 deles na região do protesto. No mesmo lugar, mais de 70 ônibus e caminhões foram assaltados em 2005, já que, com o asfalto em péssimas condições, os motoristas são obrigados a reduzir a velocidade, facilitando a ação de quadrilhas.

Jaques nega já estar com a campanha na rua

Jaques reafirmou ontem a intenção de ser candidato e disse que só desistirá da disputa se o presidente Lula o convidar para coordenar sua campanha à reeleição. Ele negou, porém, já estar com a campanha na rua.

- Em ano eleitoral existem duas hipóteses: ou você não faz o trabalho e vão dizer que você não está fazendo nada, ou trabalha e dizem que é em função da eleição. Encaro com naturalidade. Se estão reclamando é porque o trabalho deve estar incomodando. Então, vamos continuar trabalhando. Estou aqui, mas não em campanha.

O ministro dos Transportes também negou o caráter eleitoreiro do programa emergencial de recuperação das estradas. Segundo ele, não é por ser ano eleitoral que o governo vai deixar de trabalhar.

A visita de Nascimento à Bahia acirrou os desentendimentos entre o estado e o governo federal. Segundo ele, o governo baiano deveria ter recuperado 1.400 quilômetros de rodovias federais, que foram estadualizadas em 2002, o que não ocorreu. Já o governador Paulo Souto disse que existem no estado cerca de 1.500 quilômetros de estradas federais em situação precária, mas apenas 400 quilômetros foram estadualizados.

Legenda da foto: TRABALHADOR tapa um buraco no quilômetro 592 da BR 324, na Bahia: há outros trechos em situação mais precária