Título: FUNDOS REBATEM CONCLUSÕES DA CPI
Autor: Ana Cristina Campos/Ricardo Galhardo
Fonte: O Globo, 11/01/2006, O País, p. 4

'Creio que há, sim, motivações políticas', diz presidente da Previ

SÃO PAULO. Em uma iniciativa inédita, dirigentes de 11 fundos de pensão de estatais se reuniram ontem em São Paulo para rebater as conclusões parciais do deputado ACM Neto (PFL-BA), sub-relator da CPI dos Correios, que aponta um rombo de R$720 milhões em 14 fundos de estatais. Segundo o presidente do maior fundo do país, a Previ, Sérgio Rosa, a onda de denúncias contra os fundos de pensão é motivada por disputas políticas e interesses empresariais:

- Creio que há, sim, motivações políticas até provocadas por certas disputas empresariais nas quais os fundos estão envolvidos.

A reclamação mais ouvida no encontro foi sobre a falta de informações em relação aos critérios da CPI para chegar ao cálculo de R$720 milhões de prejuízos de 2000 a 2005.

- Não sabemos quais são os fatos, critérios de cálculo, metodologia e em qual ângulo essas informações foram fornecidas à imprensa. Solicitamos à comissão de valores métodos de cálculo e outras informações, mas não tivemos resposta até o momento - disse Fernando Pimentel, presidente da Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (Abrapp).

Segundo a maioria dos participantes, a CPI se recusa a fornecer os dados e isso impede os fundos de prestar contas à comissão e aos seus beneficiários.

- Na prática, a maior parte das denúncias a gente soube pela imprensa - disse Rosa.

- Estamos em uma situação estranhíssima. Não conseguimos nem responder - afirmou Ricardo Malavazi, diretor-financeiro da Petros.

Para contestar as denúncias de má gestão, os representantes apresentaram números que mostram o aumento patrimonial dos fundos, além das metas atuariais. Os representantes dos fundos também descartaram as denúncias de ingerência do ex-ministro Luiz Gushiken.

- Conheço o ministro do movimento sindical e em três anos ele jamais me telefonou. Algumas pessoas vinculam as relações de amizade do ministro com muitos diretores de fundos de pensão com ingerência - disse Carlos Caser, da Funcef.

Participaram da reunião representantes de Previ, Petros, Funcef, Eletros, Nucleos, Real Grandeza, Postalis, Serpro, Geap, Sistel e Prece, além de entidades do mercado como Bovespa, BM&F e presidente da Associação Nacional dos Participantes de Fundos de Pensão (Anapar), José Ricardo Sasseron.