Título: COAF JÁ PEDIU DADOS DE CONTA DE DUDA
Autor: Bernardo de la Peña
Fonte: O Globo, 11/01/2006, O País, p. 4

Oposição acusa governo de saber sobre movimentação desde novembro

BRASÍLIA. O Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) pediu segunda-feira informações ao Financial Crimes Enforcement Network (Fincen), órgão do governo dos EUA responsável pelo combate à lavagem de dinheiro, sobre a conta que seria usada por parentes do publicitário Duda Mendonça em um banco na Flórida. A informação foi dada ontem à CPI dos Correios pelo presidente do Coaf, Antônio Gustavo Rodrigues. Ele disse ter tomado conhecimento da conta sexta-feira passada, após um pedido de ajuda do Ministério da Justiça.

- Fizemos um pedido ao Fincen para que identificasse essa conta que não seria dele (Duda), mas de um parente - afirmou Rodrigues, que espera uma resposta com dados cadastrais da conta e informações sobre operações suspeitas nas quais a conta possa estar envolvida.

Ideli quer informações sobre esquema de arrecadação

A revelação provocou alvoroço entre parlamentares da oposição na CPI, que acusaram o governo de já saber da conta desde o fim de novembro e de não investigá-la. Em parte, a reação dos oposicionistas foi interpretada como resposta ao pedido da senadora Ideli Salvatti (PT-SC) à CPI para que solicite informações à Polícia Federal sobre um suposto esquema de arrecadação de verbas para campanhas organizado pelo ex-diretor de Furnas Dimas Toledo.

Essa lista teria o nome de mais de cem parlamentares de partidos que apoiaram o governo Fernando Henrique. Ideli pediu que a CPI requisite a perícia feita pela PF no documento.

- Precisamos saber o que eles (PF) estão providenciando em relação a essa famosa lista de Furnas - disse Ideli.

- Já vi tentativas de novas listas surgindo e numa delas um deputado (Paulo Pimenta) deixou de ser vice-presidente de uma CPI por ter tentado plantar uma tal lista. Temos de ter cuidado com essas listas - respondeu o relator-adjunto da CPI, Eduardo Paes (PSDB-RJ).

Em seu depoimento de mais de quatro horas, Rodrigues reafirmou que o Coaf informou ao Ministério Público sobre os saques acima de R$100 mil feitos em dinheiro nas contas da agência SMP&B, do empresário Marcos Valério de Souza, em outubro de 2003. Os recursos foram destinados, em sua maior parte, a políticos aliados do governo. Segundo ele, já havia sido feita uma consulta em abril de 2002 pelo Ministério Público, mas na época o Coaf não tinha informações sobre saques das agências de Valério:

- O Coaf não investiga e mesmo com poderes de investigação não é fácil chegar a verdade. Recebemos informações sobre os saques, mas as empresas eram respeitadas. Fizemos comunicações, mas as movimentações em espécie por si só não tem um elemento de alerta.