Título: Deputado na fila da cassação recorre ao bispo
Autor: Maria Lima/Evandro Éboli
Fonte: O Globo, 11/01/2006, O País, p. 8

Pressionado, Conselho de Ética tenta apressar votação dos processos contra acusados de receber mensalão

BRASÍLIA. Beneficiário confesso de R$426 mil do valerioduto, o deputado João Magno (PT-MG) apelou ao bispo. Assessor jurídico de direito canônico da CNBB, Dom Lélis Lara passou a tarde de ontem fazendo a defesa do petista no Conselho de Ética. Falou sobre a convivência com o então prefeito de Ipatinga, sua suposta seriedade e como ele continuou pobre depois de lidar com milhões da prefeitura.

O bispo disse desconhecer o escândalo do mensalão:

- Estou aqui dando meu voto de fé. Se ele fez alguma coisa, foi por ingenuidade. Ele investiu R$20 milhões numa obra para dar moradia aos pobres em Ipatinga e continua pobre.

Os integrantes do Conselho ficaram sem saber como perguntar a Dom Lélis sobre a acusação de uso de caixa dois.

- Mas vale tudo, não? Eu, numa situação desesperadora dessas, traria até Chico Buarque - disse Chico Alencar (PSOL-RJ).

O bispo deu uma bênção pedindo justiça para Magno.

Pressionado pela opinião pública, o presidente do Conselho, Ricardo Izar (PTB-SP), tenta acelerar a votação dos processos de cassação ainda na convocação extraordinária. Hoje serão apresentado relatórios sobre o presidente do PP, Pedro Corrêa (PE), e Roberto Brant (PFL-MG), com prováveis pedidos de cassação, que estarão prontos para serem lidos e votados a partir de amanhã. Caso haja pedido de vista, a votação fica para segunda-feira. Dos 11 processos pendentes, pelo menos dois poderão ter parecer pela absolvição. A maioria do Conselho suspeita que podem sair livres os deputados Professor Luizinho (PT-SP) e José Janene (PP-PE).

COLABOROU Evandro Éboli